Piratas e conspiratas
Miguel Gustavo de Paiva Torres
O sonho de Roma de Marco Aurélio, o imperador filósofo que escreveu suas mais profundas meditações, terminou com o pesadelo da degeneração mental, depravação carnal, crucificações e cabeças cortadas pela fúria dos últimos imperadores. Caracala e seu irmão Gepa foram personagens circenses que certamente influenciaram Fellini, mago do cinema.
Calígula nomeou seu cavalo para o Senado e Caracala entronizou o seu macaco Dondus como líder e divindade imperial.
Com o fim da idade média e em pleno renascimento das ideias, artes, armas de guerra, objetos voadores e muito mais, surgiu também o renascimento da avidez por dinheiro e poder — da China à Veneza e das Américas para a Europa e Ásia surge o livre comércio. O livre comércio dos mais fortes.
Pagos a peso de ouro, surgem os novos personagens da aristocracia do Poder.
Em nome de reis e de rainhas, infestam os mares do mundo saqueando, matando e projetando o futuro mundo “civilizado e cristão” dos tempos de hoje.
Pior do que Calígula e seu cavalo, Caracala e seu macaco “Dondus”, mais de dois mil anos passados surge Trump e seu animal de estimação “Muskinho”, que certamente será sacrificado ao longo do novo império: o império americano-russo-chinês que está apenas nascendo como novo sol no horizonte mundial.
O império dos piratas, ladrões, assassinos, genocidas, devassos, que fincaram bandeiras nos maravilhosos resorts inteligentes da capital do sexo, ouro e fortuna: a faixa de Gaza.
Nesse cenário surgem os dois heróis do país do futuro: o capitão Bolsonaro e o poderoso partido de Kakay Dirceu com seus centuriões Lindbergh, águia romana renascida, e sua esposa, a tigresa Leisi, mulher maravilha dos trópicos temperados de olhos azuis.
O Senado procura um cavalo e o Fórum procura um macaco a prova de balas, alimentado por farelo de soja e farinha de milho e mandioca; poções mágicas já usadas na antiguidade nas terras de Evia e da sua liga dos 30 reis, precursores de Rômulo e Remo.
O povo, essa palavra mágica que move a máquina da política, essa arte de fazer o mal pela demagogia e enganação, continua nas mesmas condições de miséria, ignorância, pestes bubônicas e promessas de Deus.
Dizia William Somerseth Maugham: “se Deus pudesse ser conhecido não seria Deus”… e existiria, completo eu.
Até agora só reconheço Freud e o mal estar da civilização, chegando ao seu final nos termos dos compromissos, tratados e palavras sem carne e osso dos tribunos dessa farsa chamada democracia, fonte mais aperfeiçoada de forma de governar as multidões famintas e alternar poder entre os patrícios donos das terras, frutos e frutas.
Ave Cesar. Victor Roma. República, coliseus, tigres, tubarões e leões da Metro. Fecha a cortina e acendam as luzes. O filme acabou.