Sobre plásticos, peixes, meio ambiente e farinha de mandioca

Edberto Ticianeli
Foto de capa de Natália Normande – G1

Confesso que a primeira vez que li sobre o assunto fiquei incomodado. Estava lá, em letras maiúsculas, que alguém tinha desenvolvido uma sacola “plástica” a partir da mandioca.

Uma revolução! Quando chegasse ao mar, como lixo, seria consumida pelos peixes sem nenhum problema.

O caro leitor deve estar se perguntando sobre o motivo da minha reação a tal descoberta. Simples: a ameaça implícita da farinha de mandioca não chegar mais ao farinheiro de um nordestino como eu, ou pelo menos só chegar na Cesta de Natal Gourmet como presente.

Mas essa reação foi sufocada rapidamente pelo meu altruísmo ecológico. Abro mão da farinha de mandioca (depois de devidamente medicado) para por fim a essa insensatez humana.

Não sei se a mandioca também é capaz de produzir substitutos para outros artefatos plásticos, mas se for, que seja definitivamente sacrificada para o bem da humanidade (aumenta a dosagem da medicação, por favor).

Sei que o biólogo indonésio Kevin Kumala merece todas as homenagens por tal estudo, mas pretendo mostrar a ele do que abriremos mão para salvar o meio ambiente.

Vou convidá-lo para comer um cozido de chambaril, sentarei ao seu lado e logo após ele degustar um pouco do pirão, retirarei da mesa a tigela com essa iguaria e ficarei satisfeito vendo seu rosto dar sinais de desespero.

Quando já estivermos no cafezinho, direi a ele:

Dr. Kumala, não dá para o senhor começar uma pesquisa com cogumelos para encontrar outro substituto do plástico? Não seria uma boa alternativa o jiló?

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

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