Deu zebra na loteria esportiva da quarta-feira
Edberto Ticianeli – Jornalista
Meio-dia de uma quarta-feira de 1979. Adelmo dos Santos e MG saem do Jornal de Alagoas. Param na porta e discutem se vão para a esquerda (Bar da Nete) ou para direita (Bar do Chopp). Em crise ideológica, optam pelo o Bar do Chopp.
O objetivo era somente preparar o estômago para o almoço, mas Adelmo insistia em tomar “só mais uma” e assim, somente no início da noite é que fecharam a conta.
MG ainda tinha que trabalhar na equipe esportiva da Rádio Difusora, o Escrete de Ouro do Rádio Alagoano, que naquela noite transmitiria um clássico no Trapichão.
Radialista novato, tentando se firmar na profissão, MG sai do Bar do Chopp direto para os estúdios, onde responderia pelas informações sobre os jogos nos outros estados. Enquanto espera o início da transmissão, tira um cochilo para tentar diminuir os efeitos do álcool.
Não demorou muito e o controlista acorda-o dizendo que o jogo já tinha começado e que a equipe do estádio ia chamá-lo em breve.
Ainda zonzo e sem ter colhido os resultados das partidas em andamento pelo país, MG liga o microfone, pega o primeiro papel da pasta de esportes e começa a informar sobre os jogos da Loteria Esportiva com os resultados do domingo anterior.
Os torcedores de ouvido colado nos radinhos de pilha estranharam a divulgação de resultados da Loteria Esportiva numa quarta-feira.
No Estádio Rei Pelé, o Trapichão, não demorou e as vaias começaram a acontecer.
O narrador Adilson Couto, percebendo que as informações eram descabidas e a voz embargada do locutor denunciava a influência etílica, retomou o som para o estádio e começou a divulgar os anunciantes:
— Faça como MG. Tome Pitú, o aperitivo do Brasil — e continuou a transmitir o jogo.
MG foi afastado da equipe e, naquela noite, nem transporte da Difusora ele teve para levá-lo em casa.
Em tempo: até hoje MG evita beber com o Adelmo dos Santos.