A escolha de Sofia

Miguel Gustavo de Paiva Torres

Tinha razão o velho Sócrates ao se dirigir aos juízes cretinos que o julgavam e o acusavam de impiedade e corrupção moral da juventude por seus ensinamentos sobre a vida e os modos de viver.

Ao ser inquirido sobre sua pretensa e alardeada sabedoria nas ruas e praças de Atenas, Sócrates ironizou os medíocres juízes: “Sou o mais sábio porque sei que nada sei”.

Se essa não foi a frase certa perdoem, mas foi o sentido que Platão transmitiu aos seus alunos da Academia e aos pósteros em sua Apologia.

Sócrates acertou no ovo e no buraco da galinha.

Não há como saber se o mundo é uma criação da mente, pois falta saber como, onde e quando apareceu a mente. Ninguém me convence de que a mente de um humano seja a réplica da mente de Deus, seja lá o que queiram dizer com Deus: um velho barbudo sentado em um trono dirigindo o universo; um cachorro salvando outro cachorro do afogamento na piscina; uma flor desabrochando; uma serpente preparando o bote. Ninguém sabe e nunca saberá.  Sócrates foi condenado a morte.

A vida, como a conhecemos, é feita de intuições e escolhas. Sabe mais o agricultor do que o professor. A mulher é, sempre foi e sempre será um ser superior na categoria dos humanos. É a mãe. A Mãe Terra, feita de água, poeira, pedras, fogo, ar e inteligência.

Inteligência criadora e destruidora, a natureza nunca será domada como pretendem os ignorantes. Sabe lutar e se defender. Morre e renasce incessantemente, seja sol ou seja lua, razão ou emoção, amor ou ódio, raiva ou indiferença, soberba ou humildade.

Como disseram os poetas tão odiados por Platão e banidos de sua ridícula República, constituída por homens de ouro, prata e ferro, navegar é preciso, sempre.

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