Eu fui vacinado

Edberto Ticianeli

Sim. É verdade. Fui vacinado hoje, 29 de março de 2021, contra a Covid-19.

Já poderia ter sido imunizado ontem, quando soube que idosos acima de 65 anos poderiam procurar os postos de vacinação.

Aconselhado pelo meu concunhado Júnior Perrone, resolvi deixar para hoje, seria mais tranquilo.

Ele acertou no braço, digo, na veia (ato falho, pensando na vacina).

Entretanto, quando me aprontava para sair de casa na manhã de hoje, não sabia que seria tão rápido e me preparei para horas de espera, considerando que amigos ficaram até quatro horas nas filas.

Numa sacola, levei uma garrafa com água e outra vazia para uma possível situação de “emergência” provocada pelo consumo da água.

Acrescentei um lanche para acalmar o “Ascarildo”, um ser imaginário que carrego há anos no meu estômago. Coisa leve: dois pacotinhos de “Club Social”, do integral.

Já no carro, lembrei que deveria ter levado o cabo de alimentação do celular para abastecê-lo, caso descarregasse. Não voltei para apanhá-lo.

Calculei que esse risco seria diminuto, afinal o meu novo aparelho é um chinês de nome Poco (memorizei fácil por associação mnemônica com a “eguinha pocotó” da música e porque produto chinês com nome de Poco, convenhamos, é muito estranho).

Cheguei em Jaraguá e à medida que me aproximava do estacionamento da Avenida Industrial Cícero Toledo a expectativa quanto ao tamanho da fila ia aumentando.

Contrariando tudo que tinha pensado, somente vi alguns veículos quando já estava no local.

Eram poucos. Formavam cinco pequenas filas, cada uma com no máximo 15 veículos.

Parei em uma delas e às 9h59 começou a minha espera.

No entorno da área reservada, circulavam tranquilamente alguns carros e motos com alunos das autoescolas de Maceió.

Próximo aos veículos que aguardavam a vacinação a circulação era de vendedores ambulantes.

Vendiam principalmente água. Um deles carregava um enorme saco de castanhas e oferecia amostras para degustação. Poucas janelas se abriram.

O mais inusitado foi encontrar um que vendia revistas de passatempo, incluindo aquelas para crianças colorirem e as vetustas palavras cruzadas.

Admiro como poucos a sensibilidade destes pequenos comerciantes para descobrirem os eventos que merecem as suas presenças, mas avaliei que numa época de celulares conectados à internet, com tantas opções de passatempo, não haveria quem quisesse comprar revistinhas.

Estava pensando nisso quando os ocupantes de carro vizinho chamaram o vendedor e compraram um dos seus impressos. De longe me pareceu a revista de colorir. Tente gosto para tudo…

A fila que estava à direita começou a se mover mais rapidamente e o motorista à minha frente resolveu que levaria vantagem passando para ela. Fez isso e se arrependeu segundos depois. A nossa disparou e ele ficou lá para trás.

Passei pela “triagem” às 10h10 (na verdade é onde se preenche o cartão de vacinação). A atendente, ao me devolver a carteira de identificação e me entregar o cartão, informou que a vacina seria a da Astrazenca/Fiocruz e mostrou onde estava marcada a data da segunda dose, em 21 de junho.

Agradeci e segui na fila. Poucos metros depois, um funcionário recolheu a carteira de identificação e o cartão para adiantar a inscrição neste das informações sobre a vacina e o vacinador.

Fui vacinado pela Valderez, que conversou comigo sobre os vídeos com imagens de profissionais supostamente simulando a vacinação. “Gente ruim!”, classificou ela, com a minha concordância.

Quando acelerei para sair, o relógio do celular marcava exatamente 10h18.  Estive no Estacionamento de Jaraguá por apenas 19 minutos.

Claro que saí muito satisfeito. Por ter recebido a tão esperada vacina e por ter sido atendido rapidamente.

Voltei para casa e no caminho, pela Av. da Paz, vim pensando como algo que deveria ser tão banal como tomar vacina — diferencial entre a vida e a morte para muitos — pode ser tão criticado.

Mas isso é assunto para outro momento. Agora é hora de comer os pacotinhos de “Club Social” que me acompanharam nesse momento tão importante e esperado.

P.S.: Como não tirei fotos, vai a do lanchinho mesmo. Depois eu cobro do fabricante o merchan.

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

4 comentários em “Eu fui vacinado

  • 29 de março de 2021 em 13:56
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    Acertou no local da vacinação porém faltou a foto com a camisa do JARAGUÁ FOLIA o maior evento carnavalesco de Alagoas como forma de comemoração . Tem nada não , em 2022 faremos o maior carnaval de Maceió e o JARAGUA FOLIA será o ponto alto das comemorações pela saúde e pela vida .

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  • 29 de março de 2021 em 17:08
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    Uma pessoa como você precisa estar vivo porque é uma força a favor de um mundo melhor e da democracia. Parabéns.

    Resposta
  • 29 de março de 2021 em 18:50
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    NÃO TIOU FOTOS? NÃO GOSTEI.

    MAS NA SEGUNDA DOSE VC TIRA VIU?
    ABRAÇOS,
    GILDO SANTANA

    Resposta
  • 29 de março de 2021 em 18:52
    Permalink

    NÃO TIROU FOTOS? NÃO GOSTEI.

    MAS NA SEGUNDA DOSE VC TIRA VIU?
    ABRAÇOS,
    GILDO SANTANA

    Resposta

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