O jogo da exaustão
Miguel Gustavo de Paiva Torres
Chegamos ao dia 13 de abril de 2021 na mais completa exaustão: sanitária, política, emocional e psíquica. São 400 mil mortes pedindo passagem para entrar na história da irresponsabilidade no Brasil.
Transbordou o sangue derramado.
Irresponsabilidade de políticos, jornalistas, publicitários e, pasmem, médicos, todos envolvidos numa teia de mentiras grátis ou remuneradas para incentivar a disseminação de uma doença mortal no país
Jogam roleta russa com suas próprias vidas e com as dos seus familiares.
O Senado da Republica decide pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar responsabilidades pelo caos. Mineiro, o presidente do Senado regurgitou o veneno que lhe tinha sido administrado pelo presidente da República ao transferir para ele a responsabilidade federativa na gestão da pandemia e declarou aberta a CPI requerida pela minoria.
Uma CPI que vai servir como fonte primária para todos aqueles que no futuro pesquisarem o que aconteceu no Brasil durante a grande pandemia da Covid-19 nos anos de 2020 e 2021.
Constatarão que o país era governado por uma família que, incialmente vinculado aos grandes tubarões predadores dos pobres, tentou armar parte da população para defender o seu projeto de instalação de uma ditadura, excluindo parlamento e judiciário da tríade do poder.
Que usaram e abusaram do dinheiro público para disseminar mentiras e manipular a política de beira de estrada, tentando fincá-la no barro da nação.
Essa será a história de um grupo que cantou vitória antecipada ao elegerem o presidente da Câmara dos Deputados, esperando dele o apoio a esse projeto pessoal e familiar.
Ofereceram em troca o dinheiro para as obras do seu grupo político, o famoso Centrão, abastecendo seus chefões: Valdemar da Costa Neto, Ciro Nogueira e Roberto Jefferson, entre outros.
É essa a orquestra parlamentar que tem como maestro o deputado federal alagoano, Arthur Lira, político com faro apurado para maremotos e terremotos.
Esqueceram, no entanto, que no outro lado da rua, quieto e calado, outro político alagoano, sucessor legítimo do falecido maestro ACM, conhecido na Bahia de todos os Orixás como “Toninho Malvadeza”, já havia arquitetado e montado uma comissão de inquérito parlamentar com a clara intenção de espalhar poeira e desgraça para os amadores da política que se instalaram no Palácio do Planalto.
O senador Renan Calheiros, campeão de eleições para a presidência do Senado Federal, não deixaria passar a oportunidade de articular o fim dessa sangria desatada.
A parte sã da sociedade, que vem sofrendo diariamente, pelas redes sociais, agressões de baixo calão por parte dos grupos de piabas, está exausta e inconformada com essa situação e torna público, cada vez mais, seu descontentamento.
Do outro lado, os que pensam, ingenuamente, que podem tomar e manter o poder sem a guarda e a defesa dos timoneiros da República, não perceberam que estes só desejam comida farta.
Os grandes navegadores não estão interessados nas águas turvas de mortes, miséria e indignação que atrapalham os seus repastos, normalmente abundantes nas águas claras e cristalinas do mar territorial do Brasil.
Subiram no mastro. Impeachment à vista.