Guerrilheiro Heróico, a fotografia de Guevara

Olhar de tristeza e indignação com as mortes no ato de terrorismo
Olhar de tristeza e indignação com as mortes dos companheiros

Edberto Ticianeli – Jornalista

No dia 4 de março de 1960, às 8 horas, o navio francês La Coubre atracou no porto de Havana com um carregamento de 76 toneladas de armas compradas na Bélgica.

O governo de Washington havia tentado impedir de todo jeito que a carga chegasse a Cuba, país que no ano anterior havia conduzido Fidel Castro ao poder por via revolucionária.

No meio da tarde do mesmo dia, duas explosões destruíram o navio e a carga, além de matar 136 pessoas e ferir mais de 200.

Che Guevara, que no momento das explosões participava de uma reunião no Instituto Nacional de Reforma Agrária, foi um dos primeiros a chegar ao local, onde passou horas dando assistência médica aos feridos.

Cuba acusou a CIA pelo ato de sabotagem e identificou William Alexander Morgan como o agente que cumpriu a missão, uma das ações da chamada Operação 40.

No dia seguinte, 5 de março, o governo cubano organizou um ato em homenagem às vítimas e em protesto pelo ato terrorista organizado pela Agência americana.

Imagem do filme original da famosa foto de Korda

O jornal cubano Revolución enviou o fotografo Alberto Korda para cobrir o evento. Entre as várias fotografias, fez duas tomadas de Che Guevara, uma na vertical e outra na horizontal. Assim nascia a mais famosa foto do mundo: Guerrillero Heroico.

Korda disse que no momento da fotografia Guevara, que tinha 31 anos, demonstrava imobilidade absoluta, raiva e dor. Anos depois avaliou que o seu retrato capturou todo “caráter, firmeza, estoicismo e determinação” que Guevara possuía.

O sucesso da foto não foi imediato. Com a morte de Guevara em 1967 na Bolívia, o italiano Giangiacomo Feltrinelli utilizou a parte central da foto horizontal e imprimiu vários pôsteres em homenagem a Che Guevara.

A imagem se espalhou e se transformou na fotografia mais famosa do mundo de acordo com o Instituto-Faculdade de Arte de Maryland (Maryland Institute College of Art). Já o Victoria and Albert Museum declarou ser a foto de Kapra “a imagem mais reproduzida da história da fotografia”.

A foto também foi utilizada numa pintura, em monotipia, pelo artista plástico irlandês radicado nos EUA, James “Jim” Fitzpatrick, que liberou a imagem para reprodução.

Monotipia de Jim Fitzpatrick

O próprio Alberto Korda nunca recebeu nada por suas fotos. Ele, como Guevara, também era comunista e dizia que a divulgação da foto ajudava a espalhar os ideais revolucionários de Guevara.

Essa preocupação de Korda com a utilização correta da imagem de Guevara fez com que impedisse a sua veiculação num anúncio de vodka.

Em 2007, em entrevista ao New York Times, a filha de Che Guevara, Aleida Guevara, denunciou a utilização comercial abusiva da imagem do pai.

Em todo o mundo, além dos militantes de esquerda que vestem camisas com a foto, é comum ver a imagem de Che Guevara em bandeiras de times de futebol e em shows de rock, num fenômeno que tem merecido o estudo e o desenvolvimento de várias teses acadêmicas.

Em 2017, homenageando aos 50 anos da morte de Guevara, ocorrida em 9 de outubro de 1967 na Bolívia, lembramos da foto que fez manter a sua imagem viva, ou que o transformou no morto mais vivo da história.

Hasta siempre.

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

Um comentário em “Guerrilheiro Heróico, a fotografia de Guevara

  • 6 de outubro de 2017 em 11:47
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    Importantíssimo, manter viva, a chama da Revolução Cubana, através dessa foto que se transformou num símbolo da esperança dos povos oprimidos e massacrados pelo terrorismo do imperialismo estadunidense.

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