We are buzinas

Sergio Braga Vilas Boas

Por aqui, em Maceió, buzina-se na mesma intensidade e frequência com que se fala. Aliás, se é bilíngue, assim como no Canadá. Por lá, inglês e Francês; por aqui português e “buzinês”.

As buzinas representam uma espécie de código Morse. A depender do ritmo, da frequência, e da quantidade de toques, pode significar um verbo, uma interjeição, uma interrogação, etc.

Pan-Pan: um aviso, uma chamada, um pedido de atenção e até uma cantada, imaginem! Paaaannnnnnnnnn: o cara ficou puto; sai da frente; vai procurar a tua turma; anda seu desgraçado!

Liberou o sinal de trânsito, prepare-se, o segundo da fila já faz Pan, terceiro faz Pan-Pan, e o quarto Pan-Pan-Pan-Pan! Desculpem a falta de criatividade, mas é assim mesmo.

Outro dia estava este escriba numa fila de pelo menos trinta carros, era aproximadamente o décimo quinto, o sinal ficou verde, e eis que o décimo sexto pediu passagem para os quinze carros que estavam à sua frente: Pan-Pan-Pan-Pan-Pan…… Estava com pressa.

Acreditei que dali sairia certamente o primeiro carro com asas, e seria aquele décimo sexto seu criador.

Chega-se num prédio de dez andares e buzina-se: Pan-Pan! E, acreditem, uma pessoa lá do décimo andar põe a cabeça pra fora da janela e faz sinal com a mão, do tipo: “já estou descendo”. O incrível é que o pessoal que mora desde o primeiro até o nono andar sabe que não é com eles. O Pan-Pan não lhes parece familiar? Mistério maior só o das pirâmides egípcias!

Já procurei um curso intensivo de readaptação ao buzinês, mas não tem. Terá de ser no peito e na raça.

Ainda bem que a PEC 241 (a do teto de gastos) não limitou o investimento em buzinas, pois se fosse o caso, Maceió ficaria muda.

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

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