O mar e o caos

Sergio Braga Vilas Boas

Passei alguns anos fora de Maceió, a trabalho, entre São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Para cá retornei no ano de 2015, lá pelo mês de agosto.

Esse afastamento me permitiu confirmar que sou definitivamente apaixonado por Maceió. Não simplesmente pelas suas belezas, principalmente o mar, mas pelo mais organizado caos que conheci.

Dizem que Nova Delhi e Calcutá, ambas na Índia, são donas de um caos simplesmente retumbante, inigualável. Realmente não sei se Maceió atinge aquele grau de excelência, mas seu caos é definitivamente delicioso.

Quando os sinais de trânsito abrem pra você, tenha calma! Não se precipite. Espere pelo menos trinta segundos, pois há sempre alguém que “aproveita o sinal”.

Aproveitar o sinal é ultrapassá-lo quando o “de cujus” já ficou vermelho. Ou melhor: o cara vem vindo; o sinal fica amarelo; ele aumenta a velocidade; o sinal fica vermelho; e ele vai assim mesmo.

Isso por aqui já é uma instituição, e funciona de forma organizadíssima!

Quer estacionar em qualquer lugar sem problema? Ligue o pisca-alerta. Ligá-lo lhe dá uma espécie de salvo conduto para estacionar até em entrada de unidade de emergência hospitalar.

O pisca-alerta funciona como uma espécie de camuflagem transponível. Com o pisca-alerta acionado é como se seu carro não estivesse ali. Entendeu? Não? Nem eu. Mas isso funciona institucional e organizadamente.

Uma das primeiras coisas que fiz quando retornei, foi ir até o mercado público. Aproveitando o ensejo, tomei aquele café da manhã com inhame e carne de boi guisada. Café já feito com açúcar e servido num copo grande. Ah, delicioso! R$ 10,00.

Depois de encher a pança, fui às compras. Uma rede, panelas de barro, colher de pau, etc. Homens, mulheres, automóveis, carrinhos de mão, carrinhos com frutas, cheiro verde, verduras, tudo misturado no meio da rua.

Não há um só atropelamento; um só acidente; nada! A maneira mais comum de se pedir para as pessoas saírem da frente é o velho e surrado grito que levanta risos: olha o sangue!!!! Todo mundo sai da frente.

Enquanto comprava a rede ouvia os reclames do Galego do Veneno: “ainda tem veneno; façam fila; não rasguem a minha roupa; tem pra todo mundo”! E, como de costume, não havia uma só pessoa querendo comprar veneno.

Foi muito bom voltar, ufa!

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Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

Um comentário em “O mar e o caos

  • 30 de maio de 2021 em 14:34
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    Esse é uma história real que nos encanta, nos deixa felizes e emocionados!

    Resposta

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