História do Bar do Duda

Edberto Ticianeli 

O Bar do Duda já fazia história no final dos anos 70 em Maceió. Era um dos bares mais frequentados do Centro da capital. O tira-gosto de primeira atraía a boemia da cidade, principalmente jornalistas e políticos. O bar funcionava ao lado da Delegacia do 1º Distrito, na Rua Cincinato Pinto.

Duda, após muitos anos nesse ponto, continuou no mesmo ramo, mas na Jatiúca, onde passou a administrar um restaurante bem mais amplo, mas mantendo a mesma qualidade de sempre e a fidelidade dos seus frequentadores mais antigos.

Quando ainda no Centro de Maceió, certa noite Duda já arrumava as prateleiras e geladeiras para fechar o estabelecimento, quando entrou um freguês. Se chegou ao balcão e pediu uma cerveja. Duda notou que ele já estava razoavelmente embriagado, mas o atendeu mesmo assim e continuou na limpeza.

Depois de alguns minutos, já querendo fechar o bar, Duda procurou o “último dos moicanos” e só encontrou a garrafa de cerveja e o copo sobre o balcão. Com raiva, achando que tinha sido enganado pelo cliente fujão, apagou as luzes, fechou as portas e foi embora.

Passava das duas da manhã, quando o telefone tocou na casa do Duda. Ele acordou e atendeu. Do outro lado da linha, uma voz embargada perguntou:

Duda…  porra…  quando é que você vai abrir o bar?

Duda não acreditou no que ouviu. Mesmo irritado, pacientemente explicou que o bar só iria abrir às 10 horas da manhã e desligou sem querer ouvir mais nada.

Não deu dez minutos e o telefone voltou a tocar. Atendeu novamente e reconheceu imediatamente a mesma voz do bêbado chato:

– Porra, Duda! Que hora mesmo você vai abrir essa merda de bar?

Era demais. Duda perdeu o controle e esculhambou com o chato. Aos gritos disse a ele para procurar outro bar, que ele não ia sair de casa àquela hora para atender um bêbado inconveniente.

– Meu amigo, vá procurar outro bar. Me deixe em paz senão eu vou chamar a polícia – ameaçou Duda.

– Mas Duda, eu até que quero ir para outro bar, mas não posso – explicou o bêbado.

– Por que não?

– Eu estou trancado no seu bar, Duda. Eu fui mijar e quando voltei estava tudo escuro e as portas trancadas. Deu trabalho para achar o telefone e o número da sua casa, mas encontrei. Agora, venha abrir a porra dessa porta que eu quero ir embora.

Daí em diante, toda vez que o Duda ia fechar o bar, dava uma olhada no banheiro.

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *