Ministro da Saúde é criticado por autorizar tratamento com imposição de mãos pelo SUS
Edberto Ticianeli – jornalista
O ministro Ricardo Barros divulgou que os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) terão ao seu dispor 10 novas Práticas Integrativas e Complementares (PICS).
Segundo o Ministério da Saúde, são tratamentos “baseados em conhecimentos tradicionais” e que podem prevenir doenças.
As terapias são as seguintes: apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais.
Deputado federal (PP-PR) licenciado, Ricardo Barros vai deixar a pasta até abril para tentar a reeleição.
Para alguns profissionais da Saúde, ele nem deveria estar no cargo.
É o que disse, em julho de 2016, o médico Arruda Bastos, ex-secretário de Saúde do Ceará e um dos coordenadores do Movimento Médicos pela Democracia.
Ele foi ao extremo de pedir a interdição do ministro interino da Saúde.
“Conclamo, mais uma vez, todas as entidades defensoras do SUS para, em uma grande corrente nacional, solicitarmos, antes que seja tarde, a saída do ministro da Saúde, Ricardo Barros, com base na sua total falta de condições técnicas e até psicológicas para gerir tão importante pasta”.
Outro que não gostou foi o médico Drauzio Varella.
Em artigo publicado na Folha de S.Paulo de 18 de março deste ano, relata as conquistas do SUS e critica a medida.
“Nenhuma dessas terapias demonstrou eficácia clínica em estudos científicos. Oferecê-las pelo sistema público significa contratar novos profissionais, arranjar-lhes espaço físico e organizar a burocracia para que possam trabalhar”.
Para Varella, haverá desvio de recursos da Saúde “para estratégias que nada contribuem para enfrentarmos os problemas de uma população que envelhece sedentária, obesa, hipertensa, com diabetes e doenças reumatológicas”.
“Faltam ao SUS enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais e médicos, sem os quais não há como prestar a assistência que os brasileiros necessitam”, explica.
O conceituado médico conclui perguntando: “Se há recursos para contratar terapeutas que transmitem energia com as mãos, aplicam argila em feridas e pontos dolorosos e receitam gotinhas de florais, por que não aplicá-los na ampliação das equipes de saúde da família, de modo a permitir que cheguem aos lares de todos os brasileiros?”
Se continuar assim, não vai demorar para termos também “vassouras ungidas” pelo SUS.