O ministro Barroso e sua missão angelical
Edberto Ticianeli – jornalista
Foto de Nelson Jr./SCO/STF
O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, quando afirma que tem como objetivo no judiciário “corrigir” as escolhas democráticas dos eleitores revela seus pendores autoritários, característica de todo salvador da pátria.
“Já estamos conseguindo separar o joio do trigo. O problema é a quantidade de gente que ainda prefere o joio”, afirmou reagindo aos protestos pela prisão ilegal do ex-presidente Lula.
Na minha santa e ateia ignorância, essa tarefa de separar joio do trigo me consta, e ao Google, como exclusiva dos anjos do Juízo Final ou, nos limites terrestres e tupiniquins, de políticas e normas adotadas pelo poder legislativo e aplicadas pelo executivo e pelo judiciário.
Consta nas leis que cabe ao STF atuar como guardião da Constituição. Mas pode também participar do processo legislativo, apresentando projetos sobre matérias de interesse institucional do Poder Judiciário.
Fazem parte destas possibilidades mudanças no Estatuto da Magistratura e na organização judiciária.
Por falar nisso, bem que o ministro Barroso poderia dar exemplo propondo a separação do “trigo-teto-constitucional” do “joio-supersalários-dos-magistrados”.
Não acredito que caiba bem para os atuais magistrados se atribuírem tarefas divinas, angelicais. Mesmo que usem vestes sacerdotais.
Corrigir as escolhas democráticas do povo brasileiro sem ter atribuição para isso me parece mais uma ousadia de “anjo caído”.
Lembrando que Satanás habitava o Éden e era “o querubim da guarda, o ungido, o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura”, segundo o pastor Elias Ribas.
Hoje não passa de um burocrata que administra uma “sauna”, com o agravante de ter perdido seu supersalário e o auxílio-churrasco, por motivos óbvios.