Militar golpista e corrupto, no Chile

Edberto Ticianeli

Quando, em 11 de setembro de 1973, o general Augusto Pinochet liderou um golpe militar e depôs o presidente democraticamente eleito Salvador Allende, muita gente boa acreditou que o seu objetivo era o de somente combater o socialismo.

Depôs de centenas de denúncias sobre as atrocidades cometidas durante a ditadura, eis que, em junho de 2004, o Senado norte-americano concluiu a investigação que descobriu contas secretas milionárias do general assassino no Banco Riggs. Suspeitava-se que o dinheiro teria sua origem no comércio ilegal de armas, do narcotráfico ou do desvio de fundos do Fisco chileno. Também foram investigados “por corrupção e declaração falsa de bens” sua mulher Lucía Hiriart e o filho Marco Antonio.

O furto, que foi calculado em US$ 28 milhões, começou a ser investigado após a prisão (domiciliar) de Pinochet em Londres, no dia 17 de outubro de 1998, por crimes cometidos contra cidadãos espanhóis. A justiça inglesa atendeu o pedido do juiz Baltasar Garzón, da Espanha.

Temendo que os milhões depositados em Londres fossem descobertos, Pinochet transferiu o produto do furto para os EUA, onde já estavam parte do saque dos bens públicos.

O senador republicano Carl Levin, que participou das investigações, revelou que o general golpista tinha aberto 28 contas no Banco Rigss e mais outras 97 em diversos bancos. Entre os destinatários dos recursos estavam o Banco Espírito Santo da Flórida e o Citibank, que já vinha, há mais de duas décadas, operando 63 contas piratas da família Pinochet.

Em 24 de agosto de 2018, após 14 anos de investigações, a Suprema Corte chilena condenou três generais cúmplices do desvio de US$ 17 milhões para as contas secretas nos EUA.

Os ex-militares, punidos com quatro anos de prisão, foram os seguintes: Gabriel Vergara Cifuentes, Juan Ricardo Mac-Lean Vergara e Eugenio Castillo Cádiz. A sentença também confiscou US$ 1,6 milhão de bens do então já falecido corrupto Augusto José Ramón Pinochet Ugarte.

Felizmente a história não se repete. Ou estou enganado?

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

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