De como matar um milhão de inocentes para não perder o poder

Miguel Gustavo de Paiva Torres

Se as eleições em Israel fossem hoje, Benjamin Netanyahu e os seus aliados da extrema direita perderiam 44 cadeiras no parlamento israelense. A oposição social-democrata e os liberais conquistariam ali a maioria absoluta, com 78 representantes.

É o que dizem todas as pesquisas eleitorais realizadas em Israel nos últimos dias.

Netanyahu é um vampiro sedento de sangue. Quer vingar sua negligência na desastrosa falha da inteligência civil e militar, que ignorou alertas do governo dos Estados Unidos e do Egito sobre iminentes eventos na Faixa de Gaza.

Seu erro permitiu a invasão do território israelense por extremistas sanguinários e terroristas do Hamas. Para tentar diminuir o dano político à sua imagem, decide aplicar a Lei de Talião, elevando-a à enésima potência: um milhão de mortos palestinos pelos 1.300 filhos de Abraão.

Os palestinos sempre foram os primos pobres dos judeus. Também filhos de Israel com Hagar, a escrava de Sara, todos gerados a pedido da própria Sara, que atendeu ao chamado divino para que Israel tivesse muitos filhos e assim liderasse uma grande e poderosa nação.

Até a primeira guerra mundial, no entanto, sempre viveram em harmonia no Oriente Médio, Levante e África do Norte.

Com a entrada da Europa em cena no Oriente Médio, após a partilha de terras entre as potências vencedoras da Grande Guerra, instalou-se ali a divisão geográfica, racial, política e econômica das pacíficas sociedades árabes e judias, que conviviam pacificamente no império transcontinental otomano.

Separaram para sempre judeus e muçulmanos. Atiçaram a divisão entre eles, permitindo mais facilmente a exploração colonial do petróleo e do gás em benefício da recém-industrializada Europa.

Essa é a história de Lawrence da Arábia, que liderou a união das tribos árabes e beduínas muçulmanas, criando o Reino Saudita, vassalo do poder financeiro e econômico do já decadente império britânico.

Judeus, como sempre — na antiguidade, idade média, renascença e idade moderna —, foram condenados ao exílio em terras dominadas por cristãos.

Depois de muita luta política e toneladas de barras de ouro pagas aos poderosos do Ocidente cristão, conseguiram criar o novíssimo Estado de Israel, no que seria a terra prometida por Deus a Moisés durante sua travessia de 40 anos pelo deserto, fugindo do Egito.

Começaram comprando terras de ricos palestinos instalados na região do Vale do Jordão e continuaram ocupando territórios com dinheiro e depois pelas armas.

Primos-irmãos, foram capturados pela guerra fria entre capitalismo e comunismo. Transformaram-se em viscerais inimigos raciais, religiosos e ideológicos, capazes de massacres hediondos, justificados em nome de Deus, sempre em nome de Deus.

Em nome de Deus mataremos todos judeus, cristãos, católicos e ortodoxos, muçulmanos sunitas, xiitas e ismaelitas, drusos, e o que mais houver no sangue dos humanos. No final, destruiremos o planeta e os humanos, supostamente criados à imagem de Deus.

Um comentário em “De como matar um milhão de inocentes para não perder o poder

  • 17 de outubro de 2023 em 05:55
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    Sucinto e didático. Parabéns.

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