A aposta em que Collor perdeu seu Opala Caravan 1986
Edberto Ticianeli – jornalista
Em meados de 1988, Assembleia Nacional Constituinte se preparava para votar a ampliação do mandato do presidente Sarney para cinco anos.
Alguns analistas acreditavam que o presidente não conseguiria mudar a regra do jogo para permanecer por mais um ano no poder.
Entre estes estava o governador de Alagoas, Fernando Collor de Melo.
Sua convicção era tanta, que apostou seu Opala Caravan com o jornalista José Elias, editor da coluna “Agenda” na Gazeta de Alagoas.
José Elias, então com 22 anos de jornalismo e 36 de idade, avaliava que Sarney tinha poder de convencimento suficiente para ganhar a votação e bancou a aposta com seu Opala 84.
A votação aconteceu no dia 2 de junho de 1988 e o resultado garantiu que o presidente José Sarney permanecesse no governo até março de 1990 e que José Elias passasse a ser proprietário da perua que transportou Collor durante a campanha ao governo em 1986.
Com o carro na garagem, o jornalista passou a receber propostas de interessados no veículo. Entre eles os deputados Benedito de Lyra e João Neto.
Quem arrematou o carro foi deputado Cleto Falcão, que se cotizou com cinco amigos e conseguiu juntar dois milhões de cruzados. O carro, considerado por Cleto como de valor histórico, foi devolvido a Collor.
José Elias, hábil apostador, divulgou rapidamente o que ia fazer com os dois milhões de cruzados: “Vou aplicar na poupança“.