Floriano e o banqueiro
Publicado no jornal A Batalha de 11 de agosto de 1931.
O falecimento, há pouco, de um titular que se tornara famoso nos primeiros tempos da República, torna oportuno recordar um dos muitos exemplos de inteireza moral, dados aos seus concidadãos, pelo inolvidável marechal Floriano.
Certa vez, o titular em questão procurara o glorioso soldado, então presidente da República. Ia propor-lhe um negócio. Floriano, cuja pobreza é sabida, ouviu-o, complacente. Desejava o capitalista comprar umas insignificantes terras que Floriano possuía em Alagoas.
O marechal, fingindo lisonjear-se com a proposta, alegou que tais terras nada valiam. O pretendente, porém, contestou-o: ao contrário: tratava-se de uma propriedade ótima, de grande futuro…
Floriano agradeceu e declarou, por fim, concluir o negócio, desde que por ele tanto se interessara o banqueiro. Mas que oferta lhe fazia este? O preço foi aberto pelo argentário: uma centena de contos.
O Marechal de Ferro achou pouco. Se as terras tinham, na opinião do visitante, tão subido valor, era natural que o preço também fosse mais alto… O milionário não hesitou: ofereceu, logo, mais cinquenta contos.
Ainda isso pareceu pouco. Mais cinquenta foram prontamente acrescentados. Floriano, aí, concordou. Bom. Venderia as terras por 200 contos…
O comprador, sorridente, como se houvesse recebido um grande favor, perguntou, então, quando poderia ser lavrada a escritura de venda.
“A escritura — rematou o inédito brasileiro — será lavrada… quando eu deixar o governo…”
O negócio, desde então, não convinha mais ao solicito comprador… O que ele queria comprar, não era, positivamente, o terreno…