Silvestre Péricles pagando com bala
Por Sebastião Nery
Silvestre Péricles de Gois Monteiro, doutor Silvestre, chefe político, governador, senhor do fogo e da água em Alagoas, elegeu-se senador e veio para o Rio. Jurou nunca mais meter-se em brigas cívicas.
Morava em Ipanema e todo dia pegava o lotação Ipanema-Malvino Reis para levar a neta ao Instituto de Educação, ali na Mariz e Barros.
Um dia, esqueceu a carteira em casa. Na hora de descer, não tinha dinheiro para as duas passagens.
Tirou papéis, remexeu, nada. Faltavam dois cruzeiros. Explicou a situação ao motorista. Cigarro na boca, cédulas dobradas enfiadas entre os dedos, o motorista nem olhou para o velho senador:
— Não quero saber de nada. Passe os dois malandros para cá. Só abro a porta quando os dois malandros estiverem aqui.
Tentou convencer o homem, não deu jeito. O lotação parado, todo mundo esperando, aquele vexame.
O senador Silvestre lembrou de Alagoas, puxou um 38 cano curto, deu dois tiros na porta:
— Estão aqui os dois malandros.
Até hoje o motorista corre.
A cada dia melhor, me emociono e me divirto muito ao ler aprender com você, Ticianeli.
Obrigada🌷