Planeta em pandemia
Por Miguel Gustavo de Paiva Torres
Em 2017 Donald Trump cancelou subvenção de 3.7 milhões de dólares que havia sido concedida pelo governo americano ao zoólogo Peter Draszack, conhecido mundialmente como “caçador de vírus” por sua dedicação ao estudo antecipado de novos coronavírus ao redor do mundo, com objetivo de produção preventiva de vacinas.
Este programa preventivo norte-americano tinha o apoio de Bill Gates e dos ex-presidentes George W. Bush e Barack Obama. Bill Gates foi o primeiro a anunciar, anos atrás, o perigo dos novos coronavírus para o extermínio humano.
Draszak pesquisava vírus em todos os continentes. Naquele momento, presidência de Donald Trump, estava na China, motivo pelo qual desagradou os seguidores da extrema direita nacionalista do “America First”, embalados pela retórica do “vírus chinês” das milícias digitais vinculadas a Trump e sua fábrica de fake news.
No momento, fevereiro de 2021, Darsak integra a delegação da OMS que está em Wuhan tentando descobrir a origem do vírus da Covid-19.
Sete bilhões e meio de humanos no planeta terra passou a ser um número insustentável para manutenção saudável de uma única espécie de vida, que conseguiu se manter por mais de 50 mil anos no topo da cadeia alimentar e predatória.
Entre milhões de outras espécies de vida em um pequeno planeta, na imensidão do universo e de suas formas de vidas diferenciadas, foi o Homo Sapiens a única espécie a promover deliberadamente a destruição progressiva e irreversível do seu próprio habitat natural.
Com base nas crenças de que esta espécie de vida — a dos humanos —, teria sido “criada” à semelhança de Deus — por sua vez uma criação, crença e fé dessa espécie —; que a devastação e a destruição do que seria uma “obra divina” tomou corpo e fôlego em um meio ambiente físico feito de ar, terra, água e fogo.
Dependente do oxigênio como matéria prima vital, a “inteligência” humana, que seria para os religiosos prova irrefutável da superioridade da espécie no caldeirão da vida terrestre — e o próprio reflexo do criador na imensidão do universo — produziu uma longa e interminável guerra entre os membros dessa espécie dominante, das cavernas aos palácios.
A força e a ignorância; essa sombra da luz da inteligência, no entanto, a sobrepassaram; e a sanha predatória se espalhou contra toda a existência materialmente tangível no planeta: florestas, rios, animais, vertebrados ou não, minérios, terras raras e, finalmente, o ar que respiramos. Oxigênio que está no princípio e no fim da espécie dos humanos.
A devastação física e a destruição promovida por essa pretensa inteligência humana está na origem da transmissão acelerada e contínua dos chamados coronavírus.
Essa ganância predatória e a estupidez da sombra da ignorância desfez o equilíbrio vital da biodiversidade do pequeno planeta, visto do espaço como um minúsculo e pálido “ponto azul”, na inimaginável extensão do universo em expansão.
Os coronavírus nada mais são do que formas de vida apropriadas às suas espécies hospedeiras. Quando a ganância destruiu o equilíbrio da “inteligência maior” do universo, com a devastação dos habitats naturais de milhões de outras espécies de vida do planeta, chegamos à terra arrasada.
A consequência natural — da própria natureza — foi o ressurgimento desses micro organismos, desalojados dos seus habitats naturais e invisíveis aos olhos humanos, em novos hospedeiros.
Expulsos pelas derrubadas de matas e florestas, fogo e pesticidas, encontraram mais de 7 bilhões de humanos disponíveis para suas novas hospedagens.
Viajam na velocidade contemporânea dos aviões que sobrevoam mansões, edifícios, palhoças e palafitas nos quatro cantos do mundo.
Sem o estudo, a pesquisa e o conhecimento de milhões de tipos de vírus, já conhecidos e em constante mutações, certamente os humanos desapareceriam a longo prazo.
A ciência, só a ciência, amparada por políticas públicas dirigidas ao bem comum e desprovidas de falseamentos políticos e ideológicos será capaz de deter a marcha insensata da autodestruição da Humanidade.
Findo o governo Trump e inaugurado o governo de Joe Biden as pesquisas internacionais sobre os novos coronavírus foram retomadas, com renovado apoio governamental dos Estados Unidos. É uma antecipação preventiva necessária para a saúde pública mundial e para a tarefa de reequilíbrio da natureza.