Pé de Pau

Miguel Gustavo de Paiva Torres

Era comum na minha infância ouvir a expressão Pé de Pau como substituto para a palavra Árvore, mais comum entre pessoas letradas ou educadas como se dizia. Embaixo do pé de pau. Do lado do pé de pau. Em cima do pé de pau: a preguiça andava devagar no grande pé de pau do quintal da minha casa.

Desde tempos primordiais as árvores sempre tiveram o seu lugar na construção das mitologias humanas. Para os Celtas a árvore mágica era o Carvalho poderoso e robusto. Para os africanos o Baobá torto sinuoso e mágico. Para os mexicanos e brasileiros dos sertões áridos os Cactos azuis e verdes da tequila e da água redentora. As Árvores da Vida. O universo plantado na terra. O planeta azul e suas árvores comunicantes.

Certamente, diria, foi de um Pé de Pau, talvez um Pau Brasil, que se fez mito em nossa mísera República um Cara de Pau que caiu de paraquedas na política brasileira e se espalhou como as sete pragas do Egito pelo que chamamos de território nacional. Escolheu a dedo inimigos das florestas para ajudar na derrubada das árvores milenárias que sustentavam o equilíbrio da casa comum dos seus conterrâneos brasileiros e além, numa guerra santa contra o equilíbrio e o bom senso.

Médico e farmacêutico, produziu remédios milagrosos para enganar a população do quintal de sua casa quando este foi atacado por um vírus que ameaçava a estabilidade do seu governo e os projetos de sua família, na época proprietária da casa e do quintal, pelo mandato popular do eleitorado pé de pau.

Seus grandes objetivos foram a venda massificada de armas e sua disseminação generalizada para defesa do seu território familiar. Quem sabe as fábricas de armas sensibilizadas não ajudariam sua modesta família a manter o poder nas mãos até que a morte nos separe. Um casamento feliz e duradouro.

Pendurou-se no saco furado dos Estados Unidos e de Israel até virarem trapos ideológicos e eleitorais. No amigo Cara de Pau Trump deram um chute na bunda. O outro, Netanyahu, mais esperto, cara de pau com pés no chão, saiu de fininho antes de ser contaminado pela palhaçada tropical do Pau Brasil.

Mesmo tendo um “spray” medicamentoso promissor sendo desenvolvido em seu quintal por pesquisadores e cientistas de São Paulo contra o vírus, que segue matando seguidores e não seguidores, decidiu tentar resgatar o aliado que nunca existiu e optou por um possível novo remédio milagroso vindo da terra prometida: um “spray” contra a doença da covid. A doença que pode levar o seu governo a ser enterrado em Manaus, debaixo da chuva e na lama das matas devastadas.

Não quer saber se o “spray” milagroso das margens do Rio Jordão salva ou não salva a vida do seu rebanho. Precisa desesperadamente de um truque pós-Cloroquina e pós-Ivermectina.  Produzido na terra santa de Israel pelo “aliado” que não sabe que é aliado e não por pesquisadores e cientistas da Universidade de São Paulo, filhos do demônio marxista leninista que querem ver sua caveira na eleição presidencial de 2022. Aliás culpados mesmo são os governadores e os prefeitos. Haja paciência.

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

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