Pátria de máscara

Miguel Gustavo de Paiva Torres

Pátria de luto. Luto fechado.

Alertados pela ABIN de que o Brasil chegaria em 2021 a atingir a marca de cinco mil e quinhentos mortos por dia, projeção da Agência divulgada pelo site The Intercept no início da pandemia ridicularizada no Planalto Central e Brasil afora, tentam, agora, emplacar um médico para dirigir a saúde pública. Um médico que siga a ciência. O que diz e o que orienta a ciência no mundo inteiro. Do círculo Ártico à Terra do Fogo.

Chamaram um médico simpático, afetuoso — segurou com tato e charme o braço do Ministro da Defesa em entrevista coletiva no Palácio — e, parece, especialista em fazer política e marketing.

Pátria de Máscara” foi o slogan que criou para este novo “momentum” da gestão bolsonarista da pandemia, que se alastra e se aprofunda do Oiapoque ao Chuí, e além fronteiras com a cepa de Manaus: a PP1.

Um presidente da República que odeia máscaras e os que usam máscaras, agora tem um subordinado que recomenda o uso de máscaras. Será que o subordinado quer agradar aos maricas, que na visão presidencial brasileira são aqueles que defendem e usam máscaras. Ousado o doutor Queiroga.

Com máscaras ou sem máscaras o que temos hoje nas avenidas da internet é o caos e o ódio se alastrando como fogo em palheiro.

Os bolsonaristas fanáticos, cegos e loucos gritam e clamam por intervenção militar no Brasil. Com o capitão comandando os generais que eles acreditam de fancaria e os almirantes de Chegança, esse folguedo natalino que veio da península ibérica e cá ficou no Nordeste.

Afinal teríamos a monarquia restaurada com um Rei de Reisado, outro belo folguedo natalino que tanto nos encanta aqui na “Paraíba”, como se refere nosso presidente ao Nordeste do Brasil.

Querem sangue, e os filhos, estes, indignados com os presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados por pedirem a demissão do exótico e bizarro Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Aráujo, filósofo do neofascismo e do neonazismo redivivos no século XXI.

Claro que Ernesto e sua turma fariam fogueira com livros e limpeza étnica no país se fosse possível ou se tivessem o apoio dos generais de fancaria e almirantes de chegança. Chegou a levar um assessor das relações internacionais para, sentado estrategicamente, fazer o símbolo dos supremacistas brancos do Mississipi e de Berlim, em rede de televisão, pelas costas do presidente do Senado.

Iniciou, esse Ministro único na história da humanidade, o seu pronunciamento tentando intimidar o Senado com sua sapiência superior, dando curtíssima aula de Latim para chegar ao que queria. Ao símbolo do Império Romano “SPQR — Senado do Povo de Roma”, hoje atualizado pela rede global do neofascismo e do neonazismo como águia símbolo do renascimento da extrema direita mundial. Haja ousadia.

Como o Ministério das Relações Exteriores foi um presente de pai para filho, a resistência para a permanência do ministro é feroz. O assessor que fez o símbolo dos supremacistas brancos pelas costas do presidente do Senado quer um posto no exterior como compensação para sua saída do Governo.

Ganhar em dólares sem fazer muito a não ser botar fogo nos palheiros daqui e de acolá porque a luta é global, na cabeça estropiada do pobre coitado que se emociona com as poses de Mussolini e com os dísticos “Deutschland Uber alles” do Adolfo e o SPQR de Júlio César.

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

2 comentários em “Pátria de máscara

  • 27 de março de 2021 em 14:07
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    Em verdade, o ódio, a prepotência e a hegemonia parecem ser os principais itens curriculares de boa parte dos ministros do mito genocida.

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