Pátria intubada e sem vacina
Miguel Gustavo de Paiva Torres
Chegamos ao dia 22 de maio de 2021 na mais completa exaustão: sanitária, política, emocional e psíquica. 448 mil mortes e a terceira onda pedindo passagem para entrar na história da irresponsabilidade no Brasil. Políticos, jornalistas, publicitários e, pasmem, médicos envolvidos numa teia de mentiras grátis ou remuneradas para incentivar a disseminação de uma doença mortal no país.
Milhares nas filas por leitos de enfermaria e de UTI. Continuam no cassino da morte jogando roleta russa com suas próprias vidas e as dos seus familiares.
Transbordou o sangue derramado.
O Senado da Republica decidiu pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar responsabilidades pelo caos. Mineiro, o presidente do Senado Federal regurgitou o veneno que lhe tinha sido administrado pelo presidente da República ao transferir para ele responsabilidade federativa na gestão da pandemia e declarou aberta a apuração da realidade, pela CPI requerida pela minoria.
Uma CPI que está servindo como fonte primária para todos aqueles que pesquisarem o que aconteceu no Brasil durante a grande pandemia da Covid-19 nos anos de 2020 e 2021, quando o país era governado por uma família que, incialmente vinculado aos grandes tubarões predadores da República dos pobres do Brasil, tentou armar parte da população para defender o seu projeto de instalação de uma ditadura, excluindo parlamento e judiciário da tríade do poder. Usaram e abusaram do dinheiro público na disseminação de mentiras e manipulação da política de beira de estrada que tentaram e ainda tentam fincar no barro da nação. Aglomerações mortais promovidas pelo cinismo presidencial no interior do Piauí e do Maranhão
Cantaram vitória antecipada com a eleição de um presidente da Câmara dos Deputados que daria apoio a esse projeto pessoal e familiar, em troca de dinheiro para as obras do seu grupo político, o famoso Centrão liderado pelos chefões Valdemar da Costa Neto, Ciro Nogueira e Roberto Jefferson, entre outros. Para dirigir a orquestra parlamentar designaram como escudeiro o deputado federal alagoano, Arthur Lira.
Esqueceram, no entanto, que no outro lado da rua, quieto e calado, outro político alagoano, sucessor do falecido maestro ACM, conhecido na Bahia de todos os Orixás como “Toninho Malvadeza”; o Senador Renan Calheiros conseguiu articular, juntamente com velhas raposas da República, diante da sangria desatada e da realidade dos fatos, uma comissão de inquérito parlamentar que espalha poeira e desgraça para os amadores da política instalados no Palácio do Planalto e na Esplanada.
Isolados em suas redes sociais de agressões e de baixo calão, levaram à exaustão a parte sã e do bem deste país, agredida diariamente por grupinhos que pensam, ingenuamente, que podem tomar e manter o poder, a picanha japonesa e o whisky escocês com torresmo e farofa. A gente sã e do bem não está interessada em sangrias e muito menos em continuar nadando nas águas turvas das mortes, miséria, caos e indignação que as estratégias profissionais dos velhos políticos querem cravar nos leitos de morte dos nossos hospitais e das nossas casas.