Partidos políticos e a luta unitária pela democracia
José Roberto Mendes do Amaral
Nas conversas que tenho com companheiros do meu partido, o PT, e mesmo com pessoas de outras orientações políticas, mas do campo progressista, costumo ouvir fortes críticas, das quais comungo, sobre o exagerado número de partidos políticos no Brasil, algo que não faz bem à democracia.
Ao expormos essa crítica, percebo que sempre nos referimos aos partidos de centro, centro-direita e de direita, mas esquecemos de avaliar as várias agremiações de centro-esquerda e de esquerda.
Será que também não existem em número superior às exigências políticas atuais? Serão tantas assim as diferentes concepções ideológicas deste campo que atuam na sociedade brasileira?
Com o registro do PT, PCdoB, PSOL, PCB, PCO, PSTU e UP podemos concluir que existem sete diferentes projetos de sociedades no ideário dessa militância?
Concordando com o governador do Maranhão, Flávio Dino, entendo que o nosso desafio mais importante é o de encontrar novas formas organizativas para as instituições progressistas.
Temos que nos adequar ao momento político que vive o Brasil e o mundo, buscando melhores desempenhos nas lutas políticas por nossa tão sonhada sociedade democrática, justa e igualitária.
Um PARTIDO ÚNICO DE ESQUERDA, aglutinando as mais diversas correntes ideológicas deste campo político, pode ser o embrião de uma FRENTE POLÍTICA UNITÁRIA, com repercussões nos movimentos sociais, principalmente nas entidades sindicais.
Não desconheço as dificuldades que teremos para fazer prevalecer práticas democráticas onde existiam disputas. Sei também que podemos ser tolerantes quando entendemos que a superação da fome, do desemprego e de todas as mazelas capitalistas são objetivos mais importantes que qualquer contenda por interesses partidários.
Os enormes desafios que o século XXI nos trouxe cobram a união de forças para superarmos a ameaça da barbárie. Exigem que nos desprendamos de algumas ideias fixas, que não nos tem mais ajudado a responder eficazmente aos reptos políticos da atualidade.
O Brasil, atualmente, é um exemplo clássico da possibilidade de retrocessos democráticos. Não se pode deixar de considerar que existe uma ameaça golpista e que ela cobra a necessária unidade política dos que buscam construir uma sociedade, pelo menos, mais democrática.
Observo ainda que é muito frágil o que separa essas forças progressistas no dia a dia das lutas políticas e sociais. Basta observar os debates nos fóruns da FRENTE BRASIL POPULAR e da FRENTE POVO SEM MEDO, por exemplo.
São tênues nossas diferenças políticas. Não podemos deixar que questões menores nos impeçam de, pelo menos, discutirmos essa possibilidade.
Se ficarmos tentando identificar quem é mais combativo, mais coerente, mais avançado ou detentor da melhor proposta, não vamos entender que o inimigo está do outro lado.
Não interessa quem é mais progressista, se Lula, Boulos, Dino, Molon, Freixo, Jandira Feghali, Haddad, Rui Pimenta, Manuela D’ávila, Rui Costa, Wellington Dias, Erundina, Camilo Santana, Edmilson Valentim, Fátima Bezerra e tantos outros. Importa mesmo é se as forças progressistas unidas derrotaram a direita e seu projeto ditatorial.
Temos lideranças preparadas para ocupar prefeituras, governos, cadeiras no Senado, na Câmara dos Deputados e a presidência da República. Se soubermos construir a unidade, vamos fortalecer nossas lutas sociais e apaixonar milhões por todo o país.
Tenho plena convicção que mais cedo ou mais tarde vamos ter que caminhar juntos. Receio somente que a demora nessa construção permita que a direita acumule forças, mantenha-se no poder e, como consequência, prolongue o sofrimento dos excluídos.
Graças às tantas tendências adversas nas esquerdas, o Brasil passou a ter um presidente facista que faz prevalecer o ódio e ameaça aos adversários políticos, destruição de direitos fundamentais, altíssimos aumentos nos preços dos produtos alimentícios e nos combustíveis, inclusive a desmoralização do país perante o mundo.