Lula e o PT: o novo tempo II
Sergio Braga Vilas Boas
Minha avó, D. Alice Leite Braga, quando orientava para que lavássemos sempre as mãos, dizia o seguinte: “lave as mãos, senão, quando você for dormir, a barata vem e rói suas mãos e você não sente, pois ela morde e assopra”.
Assim tem feito aquele que ocupa o Planalto. O Inominado avança e recua nos seus intentos golpistas desde o primeiro dia que tomou posse. Muita gente tem desdenhado. Chamam-no de covarde e boquirroto.
E ele é, de fato.
Mas, avança. Faz como aquela estória do cara que engorda e emagrece: engorda dez quilos; emagrece oito. Ficaram dois. Engorda oito; emagrece seis. Ficaram mais dois; e assim vai.
A todo instante põe sob suspeita o sistema eleitoral. Aliás, não põe sob suspeita, afirma veementemente que houve fraude em 2018, eleição vencida por ele. Diz que venceu no primeiro turno e a fraude levou a eleição para o segundo.
Desafia frequente e sistematicamente todas as instituições possíveis e imagináveis. Questiona a legitimidade dos tribunais superiores e financia manifestação públicas de seus seguidores contra esses mesmos tribunais.
Sua atuação, como chefe de estado e de governo, diante da pandemia que nos assola foi a de, ao que parece, um corrupto genocida de quinta categoria, que desdenhou e desdenha dos 480 mil mortos.
Com o agravante, como apura a CPI da Covid, de que alguém embolsou alguns trocados para comprar e divulgar remédios inúteis, quando não prejudiciais.
Enfim, desnecessário se faz elencar a montanha de crimes contra a democracia e o povo brasileiro cometidos por “essa coisa”.
O flagelo se comporta também como alguém que ganhou a eleição e não consegue governar por que os comunistas e os satanistas não deixam. É empedernidamente ridículo, mas há muitos que creem nisso!
Ninguém sabe explicar exatamente o motivo pelo qual ainda não foi sacado da cadeira que ocupa.
Se fosse, assumiria o vice, de mesma cepa, e nada mudaria sob o ponto de vista da condução da economia, atendendo aos vampiros do tal “mercado”. Seria essencialmente o mesmo governo, mas com uma melhor condução do enfrentamento da pandemia.
Daí entendo que não se trata simplesmente de derrotar Bolsonaro (tive que citar seu nome mesmo crendo que dá azar fazê-lo), mas o “bolsonarismo”, que invadiu os ditos “corações e mentes” de parte significativa dos brasileiros, garantindo-lhe aplausos e o apoio escancarado dos escalões das forças de segurança espalhadas pelo país.
Diante de disso, em “Lula e o PT: o novo tempo”, em 28/04, expus a seguinte opinião, sobre a candidatura do Lula:
“Lula, aí vai outro palpite, também ainda não sabe, de fato. Não se trata do PT ter candidato. Se trata do Lula ser esse candidato. Não será candidato se não tiver pelo menos uma certeza, além dos números favoráveis das pesquisas de opinião: que poderá governar por pelo menos quatro anos dentro de um programa mínimo de recuperação do Brasil enquanto nação e enquanto participante ativo e independente nas articulações internacionais.
Eis porque se movimenta. Seus movimentos não são apenas para garantir apoio em eventual disputa eleitoral, mas para falar sobre o que vamos fazer com a “merda” em que nos transformaram. Aqui, internamente, e com prováveis aliados internacionais como a Rússia e a China, por exemplo. Não só o Brasil depende disso, mas a América Latina, pelo nosso tamanho e importância. Não disputará eleições para ganhar e depois sair de pires na mão. Isso qualquer um pode fazer, não ele.
Isso pode parecer óbvio, mas não é. Quem disputa eleições para ganhar, vai governar, certo? Não há tanta certeza assim. E Lula não emergiu de um afogamento dado como certo, para afogar-se no passo seguinte.”
Isso tudo se vislumbrarmos o caminho institucional pela via eleitoral. Não sei se vai dar tempo. O sangramento não funcionou com Lula. Veio dar resultados apenas em 2016 e gerou o que estamos vendo.
Estamos lidando com uma horda de fanáticos fossilizados. Talvez o melhor caminho seja de fato o seu impedimento. Há motivos de sobra para tanto.