O poço não tem fundo
Sergio Braga Vilas Boas
Ao que parece a democracia representativa anda de mal a pior. Pelo mundo afora há descrença que essa possa encarar as grandes corporações que submetem as nações a despeito de suas escolhas eleitorais e políticas. Faz-se novas escolhas, e outras novas escolhas e vê-se que são incapazes de apresentar respostas às necessidades atuais e quiçá futuras.
Todavia, há nações, onde apesar de passos e contrapassos, as ditas instituições parecem funcionar e os avanços civilizatórios correm menos riscos. Não é o nosso caso. Noviço no jogo democrático, o Brasil, pouco acostumado às suas nuances, se vê agora em meio a uma crise de algo que sequer conseguiu consolidar.
Nessa quadra, temos de lidar com a avalanche global que se abate sobre uma sociedade que sofre de tamanho atraso civilizatório, que nos vemos às voltas com debates que imaginávamos resolvidos desde o renascimento, que seriam risíveis caso não passassem a ser a opção de parcela significativa da sociedade.
É como se houvesse uma tentativa, inclusive, de se obstar a linguagem, característica principal do homem, e através da qual a civilização e a política foram possíveis.
O Brasil parece ser algo ininteligível, cuja complexidade mereceria um tratamento à parte, uma pesquisa cientifica e filosófica única.
Nessa confusão que mais parece a lápide do “homo sapiens sapiens”, também enfrentamos uma crise sem precedentes, de mediação.
O Brasil se tornou a sociedade da lacração, incensada pela indigência intelectual e civilizatória que emerge como uma erupção vulcânica das ditas “redes sociais”, que nada mais são, na verdade, do que o veículo das trevas que habitam e nós, e que antes viviam encavernadas.
Como se não bastasse, desde 2013, a partir das jornadas de junho, vivemos a mais rocambolesca farsa, que se não fosse tão trágica teria ares de ópera bufa.
Um mandatário, que a exemplo do que considerava Luiz XIV, tem o estado como seu quintal, seus filhos brincam nos jardins do planalto, sob protestos da ema, e dão ordens em ministros, e direção ao governo(?). Dia chegará em que Michelle, feito Maria Antonieta, oferecerá brioche aos famintos.
De “cagão” a genocida, incontáveis adjetivos depreciativos ornam a triste figura.
Atacado por uma obstrução intestinal, caso em que uma simples lavagem seria suficiente, sai às pressas para uma internação, sem camisa, expondo um corte sobre o abdômen, a lançando anátema sobre culpados imaginários: “foi o PT, foi o PSOL”! Senhores, não será esse rapaz o mais reles e cafona mandatário da era moderna? Não serve sequer para suplente de mequetrefe.
Imaginem os senhores se o caso fosse proctológico. Sairia vossa excrecência de nádegas expostas, tornando publicas as cicatrizes de eventual cirurgia? Não duvido! As dúvidas residem apenas em quem seriam os culpados imaginários.
Sem falar de tantas outras canalhices, seus pares são tão abjetos que montaram uma farsa criminosa em torno da compra de, pasmem os senhores, vacinas! O objetivo era angariar sobre o cadáver de 540 mil mortos, uns trocados em dólar, já que estavam acostumados aos míseros reais extorquidos através das rachadinhas e dos pedágios cobrados pela milícia carioca.
São tão pífios que sequer conseguiram escapar de uma investigação simples feita por uma CPI, mesmo com as intimidações do resto do bando que veste farda. Imaginem os senhores que o Ministro, um General de Exército, recebeu os intrujões da vacina em seu gabinete, a fim de comprá-las pelo triplo do preço, e ainda fez um vídeo sobre isso! Surreal, uma ópera bufo-trágica! Atirou nas profundezas do esgoto qualquer resquício de honorabilidade que poderia caber às Forças Armadas.
E sobre seus defensores na CPI do Genocídio? Por Deus, quão robusta é sua ignorância e estupidez! Creio que desde que Calígula nomeou Senador de Roma, seu cavalo Incitatus, não se via algo tão rocambolesco e com ares de vingança da filosofia contra os crassos!
Isso sem falar dos admiradores do “genocida”, que saem às ruas sem perceber que além de exalarem um odor inconfundível de mofo, fornecem material irretocável, imperdível, grotescamente formidável, para um documentário sobre o quão ridículo, patético e empedernidamente crasso e ignaro um povo pode ser.
Como diria Milton Leite, narrador esportivo: “que fase”!