A Festa dos Mortos
Miguel Gustavo de Paiva Torres
Memórias do México
Día de los Muertos. Dia de festa, alegria, música, comidas, doces, vida. No dia primeiro de novembro recebem as almas das crianças, que regressam aos seus lugares terrenos. No dia dois de novembro, as almas dos que partiram adultos. Todos voltam para a grande festa comum dos vivos e dos mortos.
A Festa dos Mortos vai além das fronteiras do México. Penetra na Califórnia, Texas, Arizona, Novo México e em todos os lugares dos Estados Unidos com presença mexicana significativa.
Chegou ao leste europeu. Lembrado anualmente em Praga, na República Tcheca, com apoio cultural oficial mexicano. Patrimônio Imaterial da Humanidade, remonta a tradições milenares dos indígenas mesoamericanos e andinos.
Mas é no México atual, em toda sua extensão territorial, que se festeja com maior esplendor artístico essa manifestação religiosa de celebração da vida.
As “catrinas”, mulheres vestidas de caveira saem às ruas. As crianças, em alvoroço, vão buscar doces em formato de caveirinhas.
Altares, nas casas, ruas e praças, são obras de arte coloridas e comestíveis. Comida e bebida farta para os defuntos queridos; fotos, pinturas, velas, incenso, música, danças.
No interior, comunidades indígenas e mestiças comemoram por vários dias, mascarados, desfilando com bonecos gigantes, andando com pernas de pau. Tequila, mezcal e pulque, a bebida fermentada do agave. Não há celebração igual da vida no mundo dos mortos.
É no belíssimo estado de Michoacán, sudoeste mexicano, terra dos índios puérperas — que resistiram em guerras ao domínio asteca —, que se celebra em maior extensão e intensidade o dia do retorno dos entes queridos à terra ancestral.
Pátzcuaro, a cidade mais distante que visitei no México, e a Ilha de Janítzio, iluminam-se com velas acesas e almas que descem ao coração dos vivos nos Días de los Muertos.