Mozart na colina

Miguel Gustavo de Paiva Torres
MEMÓRIAS DE PRAGA

A casa onde Mozart viveu em Praga paira suave em uma linda colina florida nos arredores da cidade. Lugar de descanso, paz, natureza, beleza.

Quando desceu ao centro da cidade velha para encenar pela primeira vez Don Giovanni, Amadeus não imaginava que mais de 200 anos depois de sua morte a sua ópera ainda estaria sendo encenada todos os dias no mesmo teatrinho barroco no qual estreou.

Verdi, com o seu espírito lírico, perfumado com a alfazema dos campos da Itália, também nunca imaginou que no futuro sua obra seria encenada anualmente na Ópera de Praga, nos meses de verão do século XXI.

A cidade das óperas, orquestras sinfônicas, quartetos, trios, Smetana, Dvorak, almas musicais replicadas nas diversas gerações da juventude checa; educadas nas artes e no valor do espírito, sobreviventes.

Conhecidos mundialmente por suas qualidades técnicas e filmes legendários da “nouvelle vague” do cinema checo, berço de Milos Forman e dezenas de outros cineastas e profissionais do cinema, os estúdios cinematográficos Barandov, depois dos eventos da Primavera de Praga, em 1968, entraram em declínio com o exílio massivo dos profissionais do cinema para a Califórnia, Nova Iorque, Londres, Paris e outros centros de produção cinematográfica.

Ressurgia agora, em 2001, e nos anos seguintes, dando apoio logístico e empregando novos profissionais em superproduções europeias e hollywoodianas.

A capital checa recebia de braços abertos, com naturalidade, em seus bares, restaurantes, hotéis e ruas, diretores, produtores e artistas renomados, vivendo e circulando na cidade: Tom Cruise, Matt Damon, Bruce Wyllis, John Voight, Edward Norton; James Bond em suas aventuras no Cassino Royale do majestoso Grande Hotel Pupp, na cidade balneário de Karlovy Vary.

Praga, “cidade dourada”, como fora conhecida no passado pela luz refletida por suas cúpulas douradas no majestoso Rio Moldava, revivia tempos de glamour e novíssima “belle époque”, em pleno século XXI, globalizado, fragmentado, pós-moderno.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *