Chutando o balde
Miguel Gustavo de Paiva Torres
Nunca antes neste país houve uma festa da independência como a do 7 de setembro de 2021, como diria, em seu velho chavão, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, agora um ancião com aparente pretensão de retornar ao passado e ao poder.
Se quisesse, Lula chutaria de volta o balde que fica em baixo da cama do presidente Bolsonaro e das suas centenas de milhares de seguidores fanáticos; tapados pela cegueira provocada pelo massacre cerebral das fake news.
Bastava autorizar o PT a apoiar, de fato, o impeachment do presidente, até porque lugar de louco é em asilo psiquiátrico e não em palácio presidencial. Mas até agora não autorizou.
Não autorizou porque ainda não conseguiu entender que os tempos são novos na forma e no conteúdo de fazer política, no Brasil e no mundo.
É difícil para os que são velhos entenderem que as táticas, estratégias e marketing que os levaram às vitórias eleitorais em determinados momentos do passado já não valem, ou valem muito pouco.
A tática da sangria continuada do adversário, por exemplo, tradicional na velha política do século XX, não vale no tempo da política digital instantânea e universal.
Os tempos de ataques e contra ataques precisam ser instantâneos nos dois lados de qualquer argumentação ou disputa.
É patético ver meia dúzia de militantes arrastando inutilmente bandeiras na periferia enquanto, nas avenidas centrais, o demônio se instala com conforto, segurança e transmissões de “lives”, ao vivo e em cores, mesmo quando falha, às vezes, a internet, viajando no espaço nacional e mundial.
Não há saída em becos sem saída. Não adianta o presidente do STF fazer nova manifestação retórica condenando o presidente por seus arroubos antidemocráticos.
O presidente é um homem de circo. Do circo político. Adianta, sim, pedir a prisão preventiva do deputado Eduardo Bolsonaro e outros pela organização das apresentações fascistas e antidemocráticas da festa do 7 de setembro de 2021, na Avenida Paulista, emporcalhando com a sujeira marrom do balde terrorista o magnífico Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Como diz o general Pazuello, citando o sargento Tainha, chegou o dia D e a hora H. Ou é impeachment ou é ditadura. E por muito tempo.