O sistema público brasileiro é um dos melhores do mundo
Adriano Argolo
Quem já viajou, viajou mesmo, não para fazer turismo do tipo “Conheça 15 países em uma semana”, sabe que o sistema público brasileiro é um dos mais sofisticados e eficazes do mundo!
Qualquer outra opinião é desmentida pelo direito comparado e pela realidade burocrática dos países. Na América Latina — eu a conheci toda e viajei por mais de um ano e nove meses por quase todos os países —, ninguém tem a estrutura administrativa do Brasil.
Só para se ter uma ideia, os Cartórios na Argentina são regionais e não existem em várias cidades. O mesmo se repete em vários países da Europa.
Na Europa, em geral, o serviço público é muito ruim. Coisas simples que fazemos aqui no Brasil, por lá é uma dificuldade. O melhorzinho é o da Alemanha, mas, mesmo assim, vários serviços que temos aqui com facilidade, como: serviço cartorial, bancário, fóruns jurídicos, órgãos para o trânsito como o nosso DETRAN, não se encontra facilmente em vários países europeus. Em alguns não tem quase nada.
A estrutura administrativa de um país é muito importante para a sociedade. Contribui até para o fortalecimento da identidade nacional, além de proteger os mais pobres.
Mas isso está em risco. Pretende-se, com a reforma anunciada, destruir essa organização administrativa. Tentam emplacar no Congresso Nacional um crime de lesa-pátria.
Não é um simples ataque ao funcionalismo, vai mais além: é um ataque ao estado brasileiro, um ataque perverso e que visa destruir uma estrutura administrativa que, bem ou mal, tem funcionado.
Perguntem aos tributaristas alemães o que eles acham do sistema tributário brasileiro? Eles são admiradores da sofisticação do nosso sistema. Identificam que ele tem soluções inteligentes e razoavelmente justas para um país com uma atividade econômica imensa e tão dinâmica como o Brasil.
Outra coisa: os franceses, mestres imbatíveis em organização administrativa do Estado, admitem que a organização administrativa na França é inferior à existente no Brasil.
Diante dessa ameaça com nome de Reforma, urge uma grande campanha em defesa do Estado brasileiro. Que se mobilizem as organizações sindicais e os partidos que têm compromisso com esse legado e com as conquistas dos trabalhadores.
Realmente; o sistema público, incluindo os respectivos funcionários, é
a única proteção à população desprovida de condições, inclusive quando se trata de fenômenos naturais que causam riscos à saúde e à vida.