Mutações do cinismo 

Miguel Gustavo de Paiva Torres

Foto: Diário do Poder

Assim como essa nova variante do Sarscov-2, que apareceu pela primeira vez na aristocrática Holanda e só foi identificada posteriormente pela competente vigilância epidemiológica da África do Sul, confundida pela maioria dos brasileiros simplesmente como África, o cinismo político atingiu um nível de mutações jamais vistas nos microscópios que estudam doenças tropicais.

A sanha desenfreada pela destruição rápida das instituições e carreiras profissionais de Estado para instalação de governos ocupados por grupos coesos de amigos replicantes é assustadora. Regredimos, excetuada as questões primitivas do racismo e da escravidão dos diferentes, a uma época histórica anterior à Grécia Clássica e à República Romana, que sucedeu aos Reis e foi conspurcada pela ditadura de Júlio César.

Este quadro, também clássico, que marcará para sempre a história da ainda pré-adolescente República Federativa do Brasil, registrando a adesão formal e pública de Jair Messias Bolsonaro ao núcleo duro do crime político organizado, ladeado pelos chefes tribais Valdemar da Costa Neto e Artur Lira — o primeiro sério como compete à ocasião e o segundo desconfiado e preocupado —, foi considerado por seus eleitores como mais uma mutação natural no processo genômico da história política da Nação.

Afinal dizem os eleitores bolsonaristas, como assinalou o ex-governador, ministro e senador Cristovam Buarque; “é preciso se aliar aos corruptos para acabar a corrupção”.

São muito inteligentes, atilados e honestos em seus propósitos. O que importa são os fins e não os meios, diziam Lênin, Stalin e Goebbels, pais da modernidade política no Ocidente.  Pátria, Família e Deus. Sem tribunais, processos, justiça, polícia e oposições. Armas. Armas e dinheiro em defesa da sagrada liberdade dos filhos e amigos.

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