As voltas que o mundo dá
Miguel Gustavo de Paiva Torres
A cleptocracia autocrática da Rússia, sucessora do império colonial da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, trabalha nas profundezas da internet para formar uma nova coalizão de poder geoestratégico que restaure seu protagonismo no arranca rabo mundial que já se iniciou entre Estados Unidos e China. A China é, hoje, o principal ator político no palco planetário.
Sem jogar bombas, disparar mísseis e perder o que mais lhe faz falta, dinheiro, o grão Czar Putin joga com os arsenais que melhor conhece: inteligência e contrainteligência; desinformação, conspiração e doutrinação. Doutrinação que não é partidária ou ideológica, apenas pragmática, a serviço de todos aqueles que lhe ofereçam apoio e suporte no xadrez geopolítico internacional.
A ambição é grande. Destruir por dentro a coesão social e o arcabouço institucional que deram corpo e alma ao sistema democrático liberal no Ocidente. Começou, e ainda não terminou, nos Estados Unidos da América, entregando o poder ao amigo Donald Trump e ao novo Partido Republicano “trumpista”. Crava uma cunha na União Europeia desembarcando com suas tropas digitais na Itália, França, Alemanha e montando bases na Hungria e na Polônia.
Desce para a América do Sul e oferece seus serviços ao “bolsonarismo”, via “trumpismo” norte-americano, e a Maduro, novo super-herói da Venezuela, do ouro e do petróleo. Não precisa de ONGs, coisa do passado. Trabalham em supercomputadores estrategicamente estacionados em nuvens planetárias.
Mantém Cuba no tubo de oxigênio ajudando o black out nas redes sociais. Não é mais necessário criar outra crise dos mísseis. Os anos 60 são apenas histórias do passado. Uma fotografia amarelada e corroída por traças e fragmentos de ideologias perdidas.
Triste Brasil. Enganado e entregue nas mãos dessa gente do mal. Jair Bolsonaro e todos os novos aliados de Putin já não precisam disfarçar. Não há tempo. Vão ao encontro do chefe máximo em Moscou para acertarem os ponteiros na direção das próximas eleições presidenciais. Manda quem pode. Não há tempo para salamaleques, oratória e falsas conciliações. É urgente, para ontem, decisões másculas, sem homofobia, no STF. Denunciar e prender preventivamente todos os Allan dos Santos e corja produtora de fake News no Brasil. Não só. Prender preventivamente todos os chefetes locais dessa máfia digital desestabilizadora, sejam eles filhos, irmãos, primos ou amigo do grande cacique tupiniquim.
Se não fizerem o que já deveriam ter feito, vão comer o pão que o diabo amassou no segundo semestre de 2022, não só com a desmoralização de todos pelas redes sociais, mas com risco à própria vida pela insurgência de milícias civis e gangues armadas das policias militares. Escreveu não leu, o pau comeu. Esperem para ver.