Futebol e os desnecessários dedos levantados para Deus
Edberto Ticianeli – jornalista
Com muito cuidado e sem fazer barulho — era um domingo à tarde, dia de descanso — São Pedro se aproxima de Deus e revela sua presença com um leve pigarro.
Deus se volta com aquele olhar de preocupação e espera que o chaveiro do céu fale alguma coisa.
— Meu Senhor, estou com um grave problema lá na portaria e preciso da sua divina ajuda.
— O que foi desta vez, Pedro?
— Tem um jogador de futebol que morreu agora à tarde e até seria bem-vindo se não fossem as reclamações que faz do Senhor.
— O que ele diz?
— Ele acha que foi o Senhor quem tirou a vida dele.
— Eu? Como ele chegou a essa conclusão?
— Ele disse que fez um gol e na comemoração levantou os dois dedos para o céu agradecendo a Deus por tê-lo ajudado. Nesse momento caiu um raio no campo e como ele estava com os braços para cima, foi o único a ser atingido.
— Entendi…
— O que faço? — indagou São Pedro.
— Deixe ele entrar e depois baixe uma circular explicando a todos que há muito tempo não me envolvo mais com jogo nenhum.
— Quer dizer então, Senhor, que já se envolveu?
— Já, mas perdi. Foi num Brasil contra a Alemanha, mas esqueça essa história…