Mentiras, Vídeos e Ketchup
Miguel Gustavo de Paiva Torres
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, teve sua entrevista com a correspondente internacional da CNN norte-americana, Christiane Amanpour, interrompida bruscamente ontem, 19 de fevereiro, quando dava suas opiniões, na conferência internacional sobre segurança mundial em Munique.
Comentando o atual estado de pré-guerra envolvendo o seu país em um eventual conflito das potências e satélites da OTAN contra a Federação Russa, Zelensky deixou claro, claríssimo, que não admitia a utilização da Ucrânia como um escudo contra a Rússia em troca de promessas nunca concretizadas de plena adesão à União Europeia e à OTAN.
Chocou a audiência ao dizer que não acreditava nos serviços de inteligência dos Estados Unidos e associados, empenhados há mais de um mês em fomentar a ideia de uma invasão armada iminente da Ucrânia pela Rússia. Afirmou que só acreditava nas informações do serviço de inteligência da Ucrânia. Interromperam a entrevista.
É natural que a Ucrânia perceba que está sendo usada como um sanduiche antropofágico do Ocidente, sem ter acesso ao sistema de defesa comum do ocidente — no caso o comprometimento de luta armada conjunta contra a Federação Russa em caso de invasão armada da Rússia —, mas apenas um símbolo da tentativa de restauração dos valores dos norte-americanos e europeus no que consideram a “lei e a ordem mundial”. Ordem mundial que seria guiada pela lei internacional e valores básicos da democracia, direitos humanos e outros, constantemente violados por aqueles que os proclamam, mas não os respeitam.
A América está de volta é o bordão do democrata Joe Biden. Significa dizer que é a América quem manda e quem decide o Poder Mundial. Bom, encontraram um osso duro de roer e se meteram numa aparente sinuca de bico.
Vale a pena dar início a uma terceira guerra mundial e a uma crise econômica global sem precedentes para a defesa de valores que ninguém mais acredita, nem mesmo com o apoio da mídia “semioficial” dos Estados Unidos e da Europa?
As principais cadeias de televisão com alcance mundial das potências europeia são estatais. Na Inglaterra, na França, na Itália, na Espanha, na Alemanha e outros países são redes estatais. Existem as redes privadas, mas as de penetração massiva e alcance mundial são estatais. Seguem o roteiro do “dever à pátria”, em casos de guerra.
Nos Estados Unidos são privadas, mas morrem de medo de serem consideradas antiamericanas e tomam por base e como certas as informações vazadas pela inteligência civil e militar do país, a mesma que assegurou a mentira das armas químicas para dar legalidade aparente à decisão “fora da lei” de invasão do Iraque e faz vistas grossas ao genocídio em andamento no Iêmen pelos bárbaros sauditas em conluio com Washington.
É natural, portanto, que os ucranianos sintam que estão colocando ketchup, mostarda e maionese no sanduiche de carne moída ucraniana que está sendo levado ao forno por Washington e seus satélites ocidentais, seguindo à risca “valores e princípios do Ocidente”.