Jogada de Mestre

Edberto Ticianeli

Hoje ouvi de alguns amigos a avaliação que o Putin errou em invadir a Ucrânia. Como já afirmei em outro texto, quem dá o aparente primeiro tiro é o agressor.

A interrogação que fica é: Putin cometeria esse erro?

Se concordarmos que a resposta mais plausível é não, temos que concluir que esse movimento foi intencional.

Será que ele previu que o Biden ia ficar somente nas sanções?

Começo a avaliar que quem errou foi o Biden e a sua OTAN. Erro de avaliação do poderio do adversário e do momento (impróprio) para provocá-lo com a captura da Ucrânia para o seu campo de influência.

Num jogo desse qualquer erro pode significar derrotas substanciais.

Putin sabia que se reagisse conseguiria barrar, sem maiores problemas, a intenção ocidental. Mas aí entra em funcionamento o cérebro de um bom jogador de xadrez.

Se o erro foi grande e a Rússia percebeu, imediatamente modificou sua estratégia e passou da defensiva (impedir que a OTAN se instalasse na Ucrânia) para a ofensiva: recuperar a Ucrânia para domínio territorial russo.

Essa foi a jogada de mestre!

Putin sabe que tem estatura para começar jogos ofensivos. Sabe também que a OTAN (EUA) não está disposta — e nem tem apoio popular para isso — a combatê-lo militarmente. Calculou os ganhos e perdas com a ação e deve ter chegado à conclusão que a recuperação da Ucrânia compensava qualquer prejuízo provocado por sanções.

Putin tem um gigantesco apoio do povo russo, que foi convencido das ameaças da OTAN e da justeza das ações defensivas (e agora ofensivas) realizadas. Esse povo sustenta a iniciativa do líder russo em ocupar a Ucrânia.

Como dizem os jogadores de xadrez: “torre na sétima”!

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

Um comentário em “Jogada de Mestre

  • 26 de fevereiro de 2022 em 08:22
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    Excelente análise, caro Edberto Ticianeli!
    Infelizmente, comentário dessa guerra, com esse nível de entendimento do “contexto” político internacional, não vemos na nossa denominada “mídia de cabresto” do imperialismo norte-americano.

    Resposta

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