A chantagem nuclear de Putin
Miguel Gustavo de Paiva Torres
A reação tíbia e cheia de dedos do Joe Biden e dos seus colegas europeus tem sido um sinal bastante claro de que temem uma guerra com a Rússia e acreditam na possível insanidade de Vladimir Putin e em suas reiteradas ameaças de explosões nucleares e fim da velha ordem mundial.
Ricos não temem a vida. Ricos temem a morte. Única realidade que fake News ou teorias conspiratórias não conseguem deturpar ou desfazer.
Putin e sua gangue de bilionários egressos e herdeiros da antiga elite comunista soviética sempre viveram da violência, na farra, orgias e impunidade.
Estarão realmente dispostos a uma guerra nuclear e a uma miséria absoluta na terra arrasada? Não é crível. Ricos e poderosos temem a morte, que não conseguem evitar, mas também temem a pobreza. Especialmente aqueles que já foram pobres e destituídos de poder, como é o caso do poderoso chefão da Rússia.
O que estamos assistindo nesta terceira semana de incessantes bombardeios e carnificina humana na Ucrânia é um aperitivo no almoço de Putin.
Já sabe que basta mostrar que estaria disposto a dar início a uma guerra nuclear e pode ganhar a Ucrânia e muito mais, inclusive a satisfação do seu ego humilhado pela arrogância dos sentimentos de superioridade racial e civilizacional dos antigos aliados da União Soviética na Segunda Guerra Mundial.
Não se trata de questões econômicas, sanções ou nada parecido. Trata-se de ódio ao Ocidente liberal e democrático e às lições de Voltaire à Imperatriz Catarina, a grande, sobre como civilizar a grande e barbárica Rússia e seus povos eslavos.
Na Rússia de Catarina falar e agir como francês era a única maneira de interagir e de ser aceito pela “culta e civilizada” Europa.
É o mesmo tipo de dominação mental e cultural feita pelos norte-americanos globalmente no pós guerra do século XX.
Não é à toa que a inauguração da rede de lanchonetes McDonalds, no início dos anos 90, em Moscou, foi um gigantesco evento popular simbólico da inclusão da sociedade russa na nova ordem mundial “global e civilizada”, liderada pelos Estados Unidos e seus parceiros satélites da Europa Ocidental.
Este é o tumor que cresceu no cérebro de Putin. O ódio aos anglo-saxões e europeus ocidentais. Apertar o botão nuclear neste estado emocional pode ser um gozo extremo para este homem baixinho e complexado.