Cidadania eleitoral
José Roberto Mendes do Amaral
Com a colaboração de Edberto Ticianeli
Mais um uma eleição em nossas vidas. Uma quase rotina. No Brasil, de dois em dois anos somos convocados para apertar as teclas de uma urna eletrônica. Mas temos novidade na eleição deste ano. Escolheremos entre a democracia e a barbárie. Pouparei as justificativas para essa afirmação, são mais que conhecidas e divulgadas por toda imprensa, livre ou comprometida.
Vou abordar somente aspectos do nosso comportamento nesses processos políticos. Mesmo entre os considerados mais conscientes e esclarecidos, a participação se dá apenas com o ato de votar, sem envolvimento nas campanhas. Ouvimos as propostas, escolhemos e votamos.
Não esqueço que parte desse eleitorado define seu voto considerando a proximidade que tem com o candidato e/ou pela expectativa de que favores advirão. No dia da votação, digitam os números, esfregam as mãos e dizem: — Dever cumprido!
Avalio que essa simplificação da participação popular nas eleições é um equívoco político que deve ser enfrentado para que evitemos, por exemplo, a situação presenciada hoje no Brasil. A existência de um Congresso majoritariamente corrupto, que chantageia qualquer governo de plantão, é também fruto desse não envolvimento nas campanhas eleitorais.
O eleitor, que resume sua participação política ao ato de votar, tende também a não acompanhar a atuação do político escolhido, que muitas vezes utiliza o mandato para defender causas prejudiciais ao seu eleitorado. Sem o envolvimento dos eleitores, verdadeiros donos do mandato, o político fica à vontade para fazer o que bem quiser no Legislativo ou no Executivo.
Sou defensor de um Brasil com Cidadãos e Cidadãs Eleitorais, com eleitores engajados na escolha de quem pode garantir um futuro melhor para seu município, estado e País. Mas não basta votar! Precisa se envolver no processo político para que sua escolha seja vitoriosa, conquistando apoios para as suas convicções.
Nesse clima político de ameaças e agressões, é compreensível que alguns argumentem que pretendem evitar maior envolvimento público em campanhas para não se expor. Não é um absurdo pensar assim, mas essa omissão, mais cedo ou mais tarde, poderá ser registrada no livro da história política como a responsável por derrotas importantes.
O Cidadão Eleitoral não se intimida com ameaças. Sua consciência política o impulsiona para a luta quando maiores são as dificuldades. Sempre participa ativamente dos embates por saber que políticos e políticas definem o futuro de nossa sociedade.
No período eleitoral, aguçamos nossos olhares sobre os postulantes e suas trajetórias políticas e pessoais. Conversamos quase que diariamente sobre a política e o potencial eleitoral de cada candidato. Procuramos identificar nestes, os que têm projetos estratégicos, que enxergam além do horizonte e almejam sociedades mais justas.
Nós, os Cidadãos Eleitorais, nos envolvemos nas campanhas contribuindo financeiramente, colando adesivos no carro, repassando informações sobre o candidato nas redes sociais, vestindo uma camisa ou colando a “praguinha” na roupa quando nas ruas, shoppings, supermercados, barzinhos, etc…
Todo esse empenho, em 2022, deve culminar com a eleição de parlamentares comprometidos com um poder legislativo decente e com a democracia popular. É também uma obrigação escolhermos governantes que contribuam para retirar o Brasil das garras sangrentas e destruidoras da extrema direita. Mais que do nunca, a Cidadania Eleitoral será fundamental para escolha de políticos comprometidos com as melhores causas do nosso povo.