Como se não houvesse amanhã

Miguel Gustavo de Paiva Torres

Vivemos, todos nós, como se não houvesse o amanhã. Assim, o falso reflexo da história nas narrativas dos espelhos narcisistas do ser humano faz parecer que a verdade ou as verdades existem e são imutáveis.

O desespero existencial do ser humano transforma o Talmude, o Alcorão, a Bíblia e o manual de sobrevivência dos escoteiros e bandeirantes em tábuas de salvação definitivas, para as grandes maiorias. Assim foi, assim é. Sempre assim.

Política, palavra mágica para a dominação da pólis, esta comunidade universal de seres pensantes. Bípedes. Mamíferos. Humanos. Epidemia, pandemia, palavras mágicas. Todas as palavras são mágicas. Porque, se é verdade que no princípio era o verbo, também o fim será o verbo.

De tanto afirmar que explodirá um artefato nuclear no Ocidente, Putin, ao final, terá que explodir de verdade ou perecer, politicamente, pelo menos.

Richard Dawkins, antropólogo e filósofo evolucionista raiz teve um surto de lucidez ao afirmar que o pensamento é um vírus, mortal, endêmico e pandêmico. Da alfabetização ao pós doutorado somos todos contaminados pelo vírus do pensamento. Não há escolha. Muito antes das redes sociais. Tudo é crença, ideologia e fé. Nada é a verdade. Apenas pensamentos virais.

Os mais espertos tentam dar uma de João Sem Braço ou de Macaco Tião e partem para o ilusionismo e o entretenimento das plateias. Gordas ou magras. Famélicas ou pantagruélicas. Importante é disseminar o vírus, contaminar e replicar, até o fim dos tempos, amém.

Não há saída e nem há amanhã. Apenas um círculo infinito. Vibrações musicais e sonoras de palavras que invadem sua mente, no dia de hoje, sempre hoje. Amanhã é outro dia. Silencioso, talvez.

Um comentário em “Como se não houvesse amanhã

  • 4 de outubro de 2022 em 19:18
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    Parabéns Miguel. Excelente como sempre 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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