Dona Santa é o novo livro de Arnaldo Paiva Filho
Edberto Ticianeli – jornalista
Bacharel em direito, com passagem elogiada pela Defensoria Pública e Procuradoria do Estado de Alagoas, Arnaldo Paiva Filho é um dos autores mais aplaudidos de Alagoas, reconhecimento que o conduziu à Academia Alagoana de Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.
Com três livros publicados, o último deles no ano passado, Arnaldo Paiva Filho volta a escrever. Desta feita um romance que revela a odisseia de sua bisavó, uma Senhora de Engenho que ficou viúva aos 28 anos de idade e que resolveu punir a família do falecido por ter ele um primo a quem culpava pela morte prematura do esposo.
O livro aborda ainda temas candentes, como o papel das mulheres numa sociedade monarquista, escravocrata e machista, onde as relações sociais eram cercadas de injustiças e preconceitos.
O lançamento da obra será no dia 12 de dezembro (segunda-feira), às 19h30, na Casa Jorge de Lima, na Praça Sinimbu, onde tem funcionado a Academia Alagoana de Letras. A editora é a Primeiro Capítulo.
CONTEXTO conversou rapidamente com o escritor sobre Dona Santa.
CONTEXTO – Dos seus três livros já lançados, dois abordam a temática da indústria têxtil em Alagoas: Rio Largo, cidade operária (2013) e Moenda de Fel (2017). Com Dona Santa você continua a percorrer a história de Alagoas?
Arnaldo Paiva Filho – No primeiro livro, trata-se de uma abordagem histórica propriamente dita, sendo que, no outro livro, trato do assunto de uma forma ficcional, onde tento demonstrar a decadência da exploração econômica do algodão em relação à ascensão da cultura canavieira, principalmente a partir dos anos 70 do século passado. No caso deste livro, Dona Santa, conto a história de vida da matriarca de uma tradicional família alagoana, no século XIX, de uma forma romanceada.
Os personagens são reais, mas nem todos os fatos narrados aconteceram como estão no livro. Alguns deles são frutos de minha imaginação.
CONTEXTO – O que o levou a abordar o universo feminino em meados do século XIX, em plena monarquia e com poucas mulheres se destacando na atividade econômica ou política?
APF – A escolha em retratar a vida de minha bisavó materna, uma Senhora de Engenho que viveu em pleno século XIX e começo do XX, deve-se ao fato dela ter desempenhado um papel decisivo na formação patrimonial e moral de nossa família. Ademais, noto um desinteresse histórico em estudar e divulgar as personalidades femininas que existiram no passado. Há uma lacuna a ser preenchida nesse aspecto.
CONTEXTO – Como experiente pesquisador, você sabe o valor histórico de certas informações que são guardadas a sete chaves nos arquivos familiares. Podemos esperar que Dona Santa revele alguns destes segredos?
APF – É normal todas as famílias tentarem esconder algumas particularidades. Afinal, nem tudo são flores, não é mesmo? Porém, tento contar a história da forma mais condizente com a realidade dos fatos. É, todavia, a minha versão. Talvez esteja equivocado em alguns aspectos. Não sei como o livro vai ser recebido pelo público, principalmente no seio de minha própria família. Por isso, esclareço que é uma obra de ficção.
CONTEXTO – E o poeta de Sombras no espelho (2021) descansa a pena? Quando teremos uma nova obra?
APF – Poesia, para mim, é o mais difícil modo de escrever. Um poeta precisa de inspiração. Assim, escrevo os meus versos a conta gotas. Nem sempre estou com o espírito livre para o encontro com as musas. Mas continuo rabiscando os meus poemas, de quando em vez. Por isso, talvez ainda publique outro livro de poesia, um dia. Mas não assino embaixo.