O que garante democracia é a mobilização popular
José Roberto Mendes do Amaral
Aposentado BB e militante do PT
O debate sobre Democracia, tão exercitado ao longo desses últimos anos, ajudou muita gente a compreender que existe diferença entre os que se comportam dentro dos limites de nossa Constituição, respeitando as instituições e a vontade popular, e os que tentam desmoralizar o Estado Democrático de Direito. O governo que se encerrou foi a expressão mais acabada desta ameaça.
Avalio que essa intimidação à Democracia vá perdurar, mesmo com o estabelecimento da vitoriosa ampla frente política, que se dispõe a combater a extrema direita e garantir o mínimo de condições para o País seguir em busca do seu desenvolvimento. Mas também creio, a depender da forma como reagiremos, que as ideias golpistas poderão ser sepultadas.
Acredito que os objetivos do programa de governo escolhido pela maioria dos eleitores será perseguido, mesmo sabendo que as alianças políticas consignadas não representam, necessariamente, afinidade programática entre seus aderentes.
Lula venceu. Agora imensas tarefas caem sobre os ombros dos governantes. É preciso cumprir, minimamente, as promessas de campanha. Tudo será muito difícil. Lula/Alkimim enfrentarão um Congresso conservador e que se acostumou a colocar rédeas no governo. Não conseguirá com Lula, tenho certeza, mas complicarão bastante, dificultando a aprovação das medidas prometidas ao povo mais simples de nosso Brasil.
Leio e ouço, nas redes sociais, companheiros e companheiras reclamando intensivamente sobre o governo que mal começou. Não se sabe ainda como as coisas vão acontecer, mas com base no amplo exercício das suposições, já se crítica ferozmente o presidente.
Julga-se Lula por ter conversado com A, articulado com B e nomeado C. Esquecem que quem decidiu com quem Lula precisa dialogar, negociar e até mesmo governar, foi o povo brasileiro, quando elegeu o atual Congresso.
As ameaças antidemocráticas das forças conservadoras estarão presentes no cenário político e econômico nacional, mesmo sem Bolsonaro. A extrema direita gostou de estar no governo e vai querer retomá-lo a todo custo. Vão dificultar o bom funcionamento do governo e tentar impedir o cumprimento das principais promessas de campanha. Desgastar Lula é fundamental para esse segmento, que sonha em vê-lo fora do governo, se possível antes das eleições de 2026.
Se essas são as ameaças e as dificuldades, o que pode garantir que o governo aprove suas medidas e, mais ainda, impeça qualquer delírio golpista via o Congresso? Acredito que somente o povo na rua.
Os movimentos sociais precisam ocupar as ruas em grandes mobilizações. Disputar a direção do governo e elevar bem alto as bandeiras democráticas do povo é uma obrigação dos movimentos estudantil, sindical, agrário, cultural…
Lula vai precisar, como nunca, de povo na rua. Os eleitores que derrotaram a direita nas urnas, precisam dar continuidade e garantirem o sucesso da conquista histórica de 2022.
Se os enfrentamentos se resumirem às redes sociais, colocaremos em risco todo o esforço realizado pelo povo brasileiro. É preciso ir mais além para garantirmos políticas públicas progressistas, que retomem o crescimento industrial, que recuperem os empregos e garantam os avanços das ações do governo em favor da maioria da população
O ano que começa será um grande teste para jovens, homens e mulheres que decidiram enfrentar o autoritarismo e ameaças de golpe. O 1º tempo da partida foi vencido pelas forças progressistas, mas o jogo não acabou.
Muito bôa esta matéria de um trabalhador bancário.