Filosofar é preciso

Miguel Gustavo de Paiva Torres

Filosofar é preciso, mas navegar também é preciso. Para chegar a bom porto, ou a qualquer porto, ilha, arrecife, rocha, vivo e caminhando. Ou até para ser alcançado pela morte que, mais dia menos dia, chegará, sem apelos, sem dúvida.

Por isso os homens mudam de cor, trocam de pele quando sentem medo nos momentos que mudam. Incessantemente, para além da razão da permanência eterna nas tumbas dos faraós.

Sabe-se lá o que vamos encontrar. É preciso acreditar no poder do dinheiro para comprar almas, e voltar a reinar.

Confesso que, na inocência dos meus verdes anos, acreditei no sol e nas águas do mar sendo eternos.

Momentos de eternidade que já passaram. Há milhões de anos viajando e transformando-se neste exato momento musical, melódico e harmônico, como uma explosão nuclear no arranjo do universo, indiferente a todos e a tudo.

Seja azul, vermelha ou amarela a imaginação não tem limites. Inventar é preciso. Acreditar também: em outros mundos povoados por anjos e demônios, como este que experimentamos, onde pisamos terra firme e olhamos para o infinito.

Usar as palavras com significados múltiplos, em todas as línguas possíveis, para dominar o medo e desenhar a verdade, de cada um, para todos.

Ensinar, amestrar, domesticar, acumular os despojos dos inimigos para afastar a morte e vencer a batalha da vida; até que a morte nos separe para novos encontros depois, se por acaso, quem sabe.

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