Corredor Vera Arruda
Marconi Oliveira França
Nada mais emblemático a um caminho, passeio ou vereda cultural, social, que a outorga de um batizado: Corredor Vera Arruda. É Top! É Modal! Muito mais do que uma placa, pois há vida social nesse nosso aconchego, que por incrível que pareça é onde a interação face a face se sobressai ao face da Meta.
Foi em 1986, que a palmeirense Vera Ítala Leão Rego de Arruda, com 20 anos, tornou-se Miss Alagoas! Representando nosso Estado pelo país e mundo afora. Para os transeuntes, basta chamar o zeloso caminho: Corredor Vera Arruda.
Vera Arruda coloriu, avivou na passarela sua simpatia, elegância, beleza… glamour! Pena que sua vida tenha sido tão sumária. Vera não se encontra mais conosco, porém o símbolo, o emblema, a personificação ficaram estampados para que os andantes maceioenses e turistas usufruam seus parcimoniosos, concisos momentos, os quais intensificam a realidade de quem o usufrui a sós ou em grupos, um glamour solitário ou congregado, animados grupos, o qual afunila o magnetismo dos astros e estrelas com passeios em família, rodas de amigos nos bancos de concretos dos jogos de baralhos e gamões e os beijos com os corações acelerados dos enamorados sob um flamboyant.
Falando em coração pulsante, há os pseudo-atletas em busca de saúde e longevidade, bike, skates, basquete e voleibol improvisados. E o funil do glamour “Corredor Vera Arruda” continua: o casal de idosos de passos lentos, cruzam-se com os jovens casais, impelindo o carrinho do bebê. Um colírio para quem “desfila”, como para quem se debruça nas sacadas. A passarela Vera Arruda, digo, o Corredor Vera Arruda desemboca no mais belo, encantador, garboso, pulcro (está em nosso hino) litoral brasileiro!
Então por que cortá-lo? Por que inserir, intrometer, tumultuar com o CO2 onde há o aprazível O2? Interessante é que quem quer abrir caminho no Corredor Vera Arruda, JAMAIS admitiria um imbróglio desse se fosse próximo às suas casas.
Nas metrópoles internacionais há os “Corredores Vera Arruda“, como o Central Park em Nova York, que possui uma área de 3,41km2, o Jardim Botânico no Rio com 57 ha, o Jardim das Plantas de Paris, o Jardim dos Simples de Florença, Parque do Flamengo, com 1.200.000. Pergunta-se então: alguém pretende cortar, “rasgar” o Central Park ou o Jardim Botânico?
O que querem fazer com o Corredor Vera Arruda é, como diria o inglês, NON SENSE. Ou como falaria o matuto: “doidice da gota“.
Se os que aspiram a abertura de ruas transversais, ou seja lá o que for, morassem colado ao Vera Arruda, teriam a opinião ou sustentariam a mesma convicção? NÃO! É claro que não! Por enquanto querem só quatro ruas, mas dentro de quatro ou cinco anos já seriam mais outras tantas.
Senhores engenheiros de tráfego, há sim outros caminhos não tão danosos à população local. Diz a regra, a boa etiqueta, que é indecoroso, deselegante, atravessar um cortejo, uma passeata. “Rasgar” o que está sendo proveitoso? Obstruir o livre acesso das crianças? Atente que os transeuntes estão “anunciando a passeata” ou “A DESFRUTANDO”. O Corredor Vera Arruda, de cunho social e cultural, em sua pequenina escala, oferece o que mais deseja um ser: um espaço democrático, social, cultural e humano!
Ahhh! Antes que esqueça: há um busto de uma senhorinha psiquiatra, mestra de renome internacional, dra. Nise da Silveira no início do Corredor Vera Arruda. Dra. Nise diagnosticaria a patologia assim: “Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata (por isso tem que ter uns malucos para cortar o sossego humano). Todo mundo tem um pouco de loucura (cortar quatro ruas do Corredor Vera Arruda é uma delas rssrsrsrs). Vou lhes fazer um pedido: Vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas ajuizadas”. É Dra. Nise, pertinho da senhora tem gente desajuizada.
Muito grato, mestre Edberto Ticianeli! Patrimônio vivo de nossa Alagoas!