Maceió precisa urgentemente de crematórios públicos e não de cemitérios

Edberto Ticianeli

Mesmo considerando que essa forma de transformar os restos mortais em cinzas mais rapidamente ainda é rejeitada por parte da população, defendo a adoção desse procedimento por ser mais barato e ambientalmente correto.

Avalio também que as barreiras de ordem religiosas são cada vez menores.

O catolicismo era quem mais reagia. Já permite, mas recomenda que as cinzas sejam levadas para um columbiário, uma espécie de “cemitério” de urnas.

A fé evangélica não indica forma alguma. Cada um escolhe a sua. Os budistas e hinduístas recomendam a cremação como forma de separação completa do mundo material

Os espíritas e umbandistas também não colocam obstáculos para essa prática. Aconselham somente que o procedimento aconteça após 72 horas do óbito. Acreditam que os laços entre o espírito e o corpo se desafazem lentamente.

Prevendo que o corpo tenha que aguardar por 72 horas para ser cremado, esses serviços têm uma sala refrigerada onde a urna fica lacrada aguardando a liberação da família.

A cremação dura aproximadamente três horas. O forno, que atinge uma temperatura de aproximadamente 1000°C, utiliza filtros que facilitam a decomposição das roupas e da madeira e evitam a contaminação do ar. Sobram somente as cinzas, que são resfriadas e processadas para serem entregues à família.

Quanto custa um crematório?

A área onde vai ser instalado é bem menor que a de um cemitério, mas precisa oferecer conforto e tranquilidade para receber os que vão se despedir dos amigos e familiares. Deve ter um amplo estacionamento, recepção, salas mortuárias, capela, sala para visitação do corpo, sala de preparo do corpo, sala de cremação, depósito das cinzas, depósito de gás, refeitório, administração e vestiários.

Como será um equipamento público, a Prefeitura de Maceió pode utilizar alguma área de sua propriedade e construir a parte física dessa unidade gastando menos de R$ 1 milhão.

A estrutura utilizada diretamente na cremação deve ter fornos para esse fim, cada um custando algo em torno dos R$ 200 mil. Além disso terá que instalar uma câmara fria (R$ 20 mil), mesa para tanatopraxia (R$ 2 mil) e processador de cinzas (R$ 700,00). Os utensílios de limpeza e as ferramentas para tanatopraxia (preparação do corpo) serão adquiridos por R$ 5 mil.

O crematório exige um corpo de funcionários com no mínimo 11 servidores: serviços gerais (3), tanatopraxistas (4), motoristas (3) e recepcionistas (3). O custo com pessoal pode chegar a R$ 50 mil mensais. Acrescente a isso os gastos com manutenção e gás.

Avalio que com R$ 1,5 milhão de investimentos, Maceió terá seu crematório público. Como a Braskem tem uma dívida com Maceió por ter inviabilizado o Cemitério de Santo Antônio em Bebedouro, poderia ser chamada a contribuir na implantação desse serviço.

Os gastos mensais serão cobertos pela cobrança das taxas de cremação, que podem chegar, por exemplo, a R$ 500,00 (se for gratuito é melhor). Como os cemitérios municipais da capital recebem 200 enterros mensais, em média, mas prevendo que somente metade deles aceitará a cremação, a arrecadação seria de R$ 50 mil.

Para os usuários, os custos também seriam bem menores, considerando que não gastariam com capela ou com caixões caros.

Os números apresentados, que devem estar bem próximos do praticado no mercado, indicam que é perfeitamente viável para o município o oferecimento desse serviço.

Desde já declaro que sou candidato a utilizá-lo, quando chegar a hora, claro. Mas aviso que não tenho pressa nessa espera.

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

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