Palestina, sol e sangue: a origem da guerra fratricida

Miguel Gustavo de Paiva Torres

Impérios e colônias foram a trilha do poder desde a antiguidade. Nos anos 70 d.C., após a brutal destruição pelos romanos do segundo Templo de Salomão em Jerusalém, desfez-se o reino vassalo da Judeia e os hebreus se espalharam pelos quatro continentes do globo terrestre.

Os hebreus chegaram na Palestina após a longa travessia de suas tribos pelo deserto sob a liderança de Moisés, que afirmava sua interlocução com o Deus dos hebreus e, portanto, havia recebido diretamente dele as duas tábuas com 12 mandamentos e a missão sagrada de levar o seu povo à terra prometida da Palestina.

Moisés morreu pouco antes de chegar à margem esquerda do Rio Jordão. Josué, filho de Num e comandante militar do grupo, atravessou o rio e declarou guerra aos habitantes da Palestina, na época cananeus, filisteus e uma minoria árabe que habitava a faixa de Gaza.

Tudo isso se deu 1.200 anos antes de Cristo. As doze tribos se instalaram na Palestina. Por volta do século IV a.C., entre 400 e 300 a.C. os macabeus, exército rebelde dos hebreus, se insurgiram contra os colonizadores do Império Selêucida, assim chamado porque constituía o resto do império quase global de Alexandre, o Grande; que faleceu antes dos 30 anos de idade.

O macedônio Nicator Seleuco passou a comandar parte do Império de Alexandre, inclusive a Palestina. Com a vitória militar dos Macabeus, foi instituído, na Palestina, o Reino da Judéia, que posteriormente aceitou ser reino vassalo do Império Romano. O que nos leva até a crucificação de Jesus no ano 33 e a destruição do templo e do Reino do último dos seis Herodes nos anos 70.

Depois da retirada do Egito e chegada de Josué na Palestina, começou um novo êxodo do povo hebreu. As doze tribos se espalharam pelo mundo.

Os que chegaram e plantaram raízes na Europa, dominaram as finanças e a economia das principais potências no século XIX. Uma das famílias mais poderosas foi, e ainda é, a família Rothschild, ícone das finanças globais, principal credora do Brasil independente e dos seus dois impérios.

No final do século XIX, Theodor Herzl, judeu húngaro deu inicio ao movimento sionista, ou seja, a volta de todos os judeus para a sua terra prometida por Deus a Moisés, a Palestina.

Herzl conseguiu o apoio financeiro da empreitada sionista com a família Rothschild. A estratégia foi a de comprar, pouco a pouco, casas e terras dos árabes que então eram os habitantes da região.

Em 1917 conseguiram o apoio de Arthur Balfour, secretário dos Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha, principal praça financeira dos Rothschild.

Balfour escreveu uma carta atestando que o povo judeu tinha direito às terras palestinas e que o movimento sionista era legítimo.

Em novembro de 1947, ainda sobre os escombros da segunda guerra mundial, a ONU, organismo multilateral criado para manutenção da paz mundial, aprovou resolução criando o Estado de Israel, com a partição da Palestina, entre árabes e judeus.

Os árabes, naquele momento sob tutela dos britânicos, iniciaram uma sangrenta guerra contra os judeus, que já haviam se instalados na região com a compra de casas e terras desde o século XIX.

A criação oficial do Estado de Israel levou os britânicos, tutores da Palestina, a fecharem os olhos para a sangrenta guerra que teve início em 1948 e terminou com a fragorosa derrota dos árabes.

Setecentos mil é o numero historicamente reconhecido de árabes expulsos de suas casas e terras na nova Palestina hebraica. A maioria refugiou-se na faixa de Gaza, então pertencente ao Egito. Muitos se espalharam em uma diáspora global.

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

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