Ditadura na ONU é um exemplo para o mundo
Edberto Ticianeli
Se o praticado na Organização das Nações Unidas serve para alguma coisa, é para nos ajudar a entender o que é a falsa democracia quando os interesses das grandes nações estão em jogo.
Um exemplo pode ser mais elucidativo:
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas reúne os representantes dos seus 193 países membros e resolve recomendar — “democraticamente” só tem poder para isso — que Israel cesse os ataques aos civis palestinos.
Ao fazer isso cumpre seu principal objetivo, o de sempre buscar a paz entre as nações, garantindo a segurança da população.
No segundo passo do processo “democrático”, a resolução é levada para o “onipotente” Conselho de Segurança, constituído por cinco membros permanentes — China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos —, emoldurados por dez membros rotativos. Atualmente são: Brasil, Albânia, Equador, Emirados Árabes, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.
O Conselho de Segurança é chamado a interferir quando identifica a “existência de uma ameaça à paz ou um ato de agressão”.
Para ser aprovada, a resolução deve receber, no mínimo, 9 votos dos 15 representantes. Mas tem um detalhe: entre os que aprovam devem estar os cinco membros permanentes.
Se um destes cinco não concordar com a resolução, ela vai para a lata do lixo. É o tal do “poder de veto”. Quem vetou é obrigado a se explicar, em seguida, diante da Assembleia Geral. Algo que um bom discurso resolve facilmente.
Foi isso que aconteceu no dia 18 de outubro de 2023, quando os EUA vetaram a resolução apresentada pelo Brasil sobre o massacre israelense na Palestina. A proposta brasileira conseguiu 12 dos 15 votos.
Cinco meses depois, com o mundo todo acompanhando aos seguidos ataques israelenses contra civis palestinos, numa clara ação genocida, os EUA se consideram “alarmados” pelo ocorrido em 29 de fevereiro de 2024, um crime cometido contra palestinos que tentavam receber ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Dessa vez os EUA foram “duros” com Israel: cobraram “explicações” e exigiram uma “investigação”. Enquanto isso a ONU cuida seriamente do possível conflito entre Venezuela e Guiana.
Se a Organização da Nações Unidas continuar a dar esses exemplos para o mundo, em pouco tempo será substituída por outra forma de acordo entre as nações verdadeiramente interessadas na paz. Não sobreviverá sendo uma instituição ditatorial à serviço dos grandes e permissiva com as agressões, quando isso significar bons lucros para a indústria armamentista.