O padrão monetário brasileiro do Real ao Real

Edberto Ticianeli
Jornalista

Em 1568, por determinação do rei português Dom Sebastião I, começaram a circular no Brasil os reais ou réis, como se popularizaram. Essas moedas de cobre foram desvalorizadas no Brasil para se evitar falsificações. Eram raras. Os negócios eram feitos mesmo no escambo, predominando a referência ao açúcar e ao fumo.

Entre 1630 a 1654, quando os holandeses ocuparam o Nordeste, tentaram emplacar os seus Ducados do Brasil (conhecidos popularmente como Florins do Brasil). Foi a primeira moeda a utilizar o nome Brasil em suas cunhagens. Circulou enquanto eles estiveram por aqui e depois foi aproveitada pela Coroa portuguesa, que mandou imprimir nela o brasão da Coroa Lusitana.

Ducado do Brasil. Acervo Itaú Numismática, São Paulo, Museu Herculano Pires

A partir de 1650 foram fundidas as primeiras moedas brasileiras na Casa da Moeda do Brasil — criada em 8 de março de 1649 em Salvador. Eram em ouro e prata. Foi denominada real, lembrando a antiga moeda portuguesa. As de 1.000, 2.000 e 4.000 réis eram em ouro. De prata eram as de 20, 40, 80, 160, 320 (a pataca) e 640 réis — entre 1810 e 1834 circulou o patacão que valia 960 réis (três patacas). A de 160 réis ficou conhecida como meia-pataca e associada a algo sem valor. Ficaram conhecidas como a “série das patacas” e foram as moedas que por mais tempo circularam no país.

Foram as divisões da pataca que fizeram surgir, no final do século XVII, os vinténs e os tostões no Brasil.

No século XVIII várias moedas circularam pelo Brasil, destacando-se os dobrões de ouro, cunhados inicialmente pela Casa da Moeda de Vila Rica de Minas Gerais entre 1724 e 1727. Pesava 53,7 gramas e indicava o valor de 20.000 réis, mas chegou a valer 32.000 réis. Com quatro delas se “adquiria” uma escrava jovem.

No início desse século, quando teve início a mineração, os pagamentos eram em ouro em pó. Como parte desse metal era extraviado, o governo exigiu, a partir de 1719, que ele somente poderia circular fundido em barras. Foi por causa dessa exigência que se instalaram várias casas de fundição.

No ato da fundição, Portugal já retirava seus 20% (o quinto) e marcava a barra de “Ouro Quintado” com selo, número de série, ano de fundição, grau de pureza, peso e as iniciais da fundição, além de emitir um certificado, que passava a acompanhar a barra de ouro. Foi usada até 1833.

Barra de ouro da Casa de Fundição de Serro Frio, Minas Gerais, de 1809, de 23 quilates

Emitidas pelo Banco do Brasil, as cédulas surgiram em 1810 de forma precária, com os valores preenchidos a mão. Antes, a partir de 1771, circularam em papel os Bilhetes da Real Administração dos Diamantes. Os Bilhetes de Permuta de Ouro em Pó existiram entre 1808 e 1818, e grafavam o valor da quantidade de ouro guardada em poder do estado.

O Tesouro Nacional, a partir de 1828, passou a recolher as moedas de cobre e substituí-las pelas Cédulas para o Resgate do Cobre.

O Real circulou até 31 de outubro de 1942, quando surgiu o Cruzeiro, valorizando a constelação do cruzeiro do sul, presente na bandeira brasileira. Com o Cruzeiro vieram os Centavos.

Passou a ser o Cruzeiro Novo na reforma monetária de 13 de fevereiro de 1967. Voltou a ser Cruzeiro em 15 de maio de 1970.

O Plano Cruzado, de 28 de fevereiro de 1986, derrubou o Cruzeiro e criou o Cruzado. Não durou muito. Em 16 de janeiro de 1989 o Cruzado foi abatido pela reforma monetária do Plano Verão, criada pelo ministro Maílson da Nóbrega. Surgia o Cruzado Novo.

Voltou a ser Cruzeiro em 16 de março de 1990. Sofreu nova modificação em 1º de agosto de 1993, ganhando o batismo de Cruzeiro Real, que foi simplificado para Real em 1º de julho de 1994. E assim permanece até a atualidade (2024).

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

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