Das cavernas aos dias de hoje: nada fica e tudo muda
Miguel Gustavo de Paiva Torres
Nada de novo sob o sol. Antes e agora. Dos ossos das cavernas à Odisseia no Espaço. Talvez o filhinho de mamãe enrustido Elon Musk, o maior CABRÓN da história recente, seja a novidade que vai passar para o além.
Consegue ser pior do que o velho Trump, já cansado de mentir e de viver; aparentemente derrotado pela verdade nua e crua dos fatos.
O mestre dos mestres da teoria da história, Marc Bloch, judeu venerado em todo o planeta por sua desconstrução das historinhas de mentira mundo afora, foi cirúrgico: o que determina a história são os acidentes e não as narrativas dos vencedores, na política, na guerra, e no domínio público mental e estrutural no tempo e no espaço.
Ora pois, muita gente precisa ler Bloch, deixar a arrogância ir cantar em outro terreiro. Não adianta: você até pode tentar construir uma narrativa do bem, como aconselhou Lula ao maligno Maduro de podre.
No entanto, uma barata é uma barata e um escorpião é um escorpião. De repente uma cheia pode fazer um cavalo ou uma vaca subir no telhado da sua casa.
São os fatos acidentais da história que escrevem a história real, ou pelo menos próxima ao real, porque cada um vê e interpreta com desejos e inclinações mentais, visuais e auditivas próprias.
Por isso todos os partidários de verdades selecionadas não gostam de Bloch. Como dizia o filósofo Karl Marx: tudo o que é sólido desmancha no ar.
Pois é, desmanchou mesmo. Que o diga o Putin, pobre coitado puxa saco dos poderosos da União Soviética e hoje CZAR da imensa Rússia cercada e encurralada.
É uma onda no mar, como cantava e ainda canta fora do armário o poeta cantador Lulu Santos. Nada fica e tudo muda. Queiram ou não queiram os donos do dinheiro e do poder, urbi et orbi, como diz o Papa em sua Homília secular.
As narrativas podem até ajudar circunstancialmente por um período efêmero da história. Mas não sobrevivem aos fatos e circunstâncias reais.
Todo mundo hoje sabe quem foi que deu a ordem para queimar Roma e assassinar Cristãos. Se tocava harpa não passa de licença poética. Os cristãos não incendiaram Roma.
Todos querem utilizar licenças poéticas em suas narrativas de ficção de domínio das fantasias, de mentes e corações no ocidente e no oriente do pálido ponto azul: nosso planetinha visto pelo prisma universal de Carl Sagan.
Vem o infarte do miocárdio, a bala na cabeça, o azar do desencontro e a história se escreve da maneira que se quer escrita. Real e dolorosa como a fome, a peste e a morte. Mestre Bloch é temido e sempre será. Navegar é preciso, o sangue, o charco, viver não é preciso.