Sem Collor, como ficam as candidaturas de Biu de Lira e de Rodrigo Cunha?
Edberto Ticianeli – jornalista
Collor, ao desistir ontem (14) de sua candidatura ao governo de Alagoas, justificou que somente aceitou entrar na disputa porque foi procurado “por um grupo representativo da política alagoana, de forma coesa, unida, a mim dirigiu o apelo para assumir e liderar uma grande frente de oposição ao grupo governista. Percebendo a coesão do grupo, aceitei a missão”.
Afirmou ainda que era candidato cumpridor da palavra e reclamou da ausência dessa qualidade no tal grupo coeso e unido.
Em resumo: desistiu porque não existia mais unidade e faltou “reciprocidade”.
Na verdade, nunca existiu muita coesão nessa oposição montada às pressas no dia da convenção.
Biu precisava de um candidato a governador puxador de votos, que, por sua vez cobrava “reciprocidade” estrutural para bancar os custos da campanha.
Biu não queria a candidatura de Rodrigo Cunha, mas queria o fundo eleitoral do PSDB e o seu tempo de rádio e televisão.
Theo Vilela, do PSDB, aceitava Collor, desde que Biu aceitasse seu afilhado Cunha.
Cunha, por sua vez, não aceitava Collor e nem Biu na sua campanha.
Mesmo assim surgiu “um grupo representativo da política alagoana”.
Como Collor não empolgou as ruas em benefício de Biu, e Cunha começou a avançar sobre o eleitorado do “aliado” dançarino, a “reciprocidade” foi diminuindo, terminando por inviabilizar a oposição.
Na minha avaliação, Biu entrou numa furada e arrastou Collor para uma aventura muita cara, com possíveis repercussões em 2022.
A bomba, que tinha pavio curto, explodiu nas mãos do senador Benedito de Lira, e por reflexo, também na campanha de Rodrigo Cunha.
Ganharam Renan Filho, Renan Calheiros e Maurício Quintella.
Com uma campanha coesa, vendem fácil a ideia de um grupo unido com projetos para Alagoas. Consolidam um polo de poder com gravidade política suficiente para crescer e ganhar as eleições sem maiores obstáculos.
Mas, como em política tudo pode acontecer, somente saberemos o real tamanho dos estragos provocados pela desistência de Collor em 7 de outubro. Até lá, Biu vai dançar sozinho.