Política sem amabilidades
Sebastião Nery
Em 1930, Júlio Prestes e Costa Rego foram exilados para a França. Encontraram-se numa tarde de neve à beira do Sena. Costa Rego estava inconsolável:
— Olhe, Júlio, eu entendo que você esteja aqui. Afinal de contas, você foi candidato à presidência da República. Eles não iam querer deixa-lo lá. Mas eu, pobre político de Alagoas, não era ameaça nenhuma. Não me conformo.
— Não se conforma por quê? Todo mundo dizia que você ia ser meu ministro da Justiça. É verdade que eu nunca tinha pensado nisso.
— Ora, Júlio, por que você está dizendo isso, nesta tarde tão branca, tão fria, tão triste? Não custava nada ser amável agora.