Liderar na crise: siga o exemplo dos grandes

Por Edberto Ticianeli – jornalista

Com o título acima, Fernando Mantovani publicou no site exame.abril.com.br, em 28 de abril de 2017, orientações para se “lidar com adversidades e atingir bons resultados, engajando a equipe e superando obstáculos”.

O blogueiro é diretor geral da Robert Half International, uma empresa global de consultoria de recursos humanos fundada em 1948 com sede em Menlo Park, Califórnia. Portanto, insuspeito de qualquer vinculação com comunismo, socialismo, petismo ou coisa que o valha.

O que ensina Mantovani?

Citando Martin Luther King, Mahatma Gandhi, Napoleão Bonaparte, Júlio César, Alexandre – O Grande, destaca que estes grandes líderes mundiais, ao enfrentarem grandes crises, souberam lidar com as adversidades, conseguiram vencê-las e por isso são admirados.

O engenheiro Milton Seligman, que foi executivo de empresa multinacional e atualmente é consultor e professor universitário, também tem o que dizer sobre a importância das lideranças em tempos de crise.

Escreveu ele, há poucos dias, em sua coluna no Jota:

“De um modo geral, líderes são pessoas capazes de orientar e influenciar outras pessoas ou grupos, que as reconhecem como tal. Eu prefiro qualificar um pouco mais. Uso um conceito que apreendi no mundo dos negócios, mas que acredito possa ser universalizado. Líder é quem conduz o seu grupo ao resultado esperado, fazendo as coisas do modo certo, sem truques e nem atalhos”.

Utilizo os ensinamentos destes dois especialistas na identificação de lideranças para me bater com os que querem politizar as críticas que a maior parte da população brasileira faz ao presidente Bolsonaro por não estar atuando como esperado no enfrentamento da crise provocada pela pandemia do coronavírus.

Volto aos ensinamentos de Milton Seligman: “Essa é a maior crise de nossa história e ao terminar – sim, ela vai terminar – o mundo será outro, a vida será outra. Esse é o entendimento de gente distinta como a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, o escritor israelense Yuval Harari e o sociólogo italiano Domenico de Masi, para citar apenas três. O presidente Bolsonaro não pensa como eles“.

Destacando que “toda a grande crise tem líderes vencedores, que escreverão a história, e outros que serão exemplos negativos para a posteridade”, Seligman prenuncia que serão mais bem avaliados no futuro os que adotaram as soluções que priorizaram a vida, mesmo correndo risco de impopularidade no momento.

Assino embaixo de sua conclusão: “Nesse momento difícil, a nação precisa de um líder que a ajude a caminhar com gravidade, mas sem pânico”.

Segundo o professor Paul Ingram, da Universidade Columbia, o papel de um líder é determinado pelos seus valores pessoais.

Quais são os valores do presidente Bolsonaro?

O Brasil conhece vários deles, alguns caricatos, mas o pior deles talvez seja o de governar somente para os seus seguidores mais fanáticos, transformando o ato de governar numa eterna campanha eleitoral.

Acredito que estes ensinamentos podem ajudar a entender que as crescentes críticas ao presidente Bolsonaro não têm origem política ou ideológica, mas nascem principalmente da percepção da sua incapacidade de liderar o país num momento de grave crise.

Edberto Ticianeli

Jornalista e Produtor Cultural. Ex-secretário Estadual de Cultura. Editor dos sites História de Alagoas e Contexto Alagoas.

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