As Bruxas da Noite
Poucos regimentos militares foram tão odiados pelos nazistas quanto o 588º Regimento de Bombardeios Noturnos da Força Aérea Soviética. O regimento era inteiramente feminino, composto por 80 mulheres que voaram em mais de 23.000 missões de combate, despejando 3.000 toneladas de bombas sobre as cabeças dos invasores nazistas num período de quatro anos, tornando-se cruciais para a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial.
Tamanho era o ódio e temor que despertavam sobre os nazistas que qualquer militar que conseguisse derrubar um de seus aviões era condecorado com a medalha da Cruz de Ferro. Várias superstições e boatos sobre as pilotas soviéticas se espalharam entre os militares alemães — uma delas assegurava que as mulheres recebiam injeções de uma substância que fazia com que conseguissem enxergar no escuro, como felinos. Os nazistas as chamavam de “Bruxas da Noite” – insulto que as pilotas receberam como elogio.
As pilotas soviéticas voavam em biplanos Polikarpov Po-2, aviões de madeira tão pequenos que não podiam ser detectados por radares. Sempre partiam para missões noturnas, em grupos de três aviões. Ao se aproximarem dos alvos, desligavam os motores e planavam sobre território inimigo, largando silenciosamente as bombas sobre seus alvos – como se fossem fantasmas. Quando eram notadas, realizavam manobras evasivas: dois aviões ligavam os motores para atrair a atenção dos holofotes e se dividiam, indo um para cada lado, enquanto a terceira aeronave prosseguia planando para efetuar o bombardeio.
Juntamente com os 586º e 587º regimentos soviéticos, as Bruxas da Noite foram as únicas pilotas a voarem em missões de combate na Segunda Guerra Mundial. Nas forças armadas dos demais países – tanto entre os Aliados quanto entre os integrantes do Eixo – mulheres só podiam voar em funções de apoio e transporte. O regimento era comandado pela coronel Marina Raskova e pela major Yevdokia Bershanskaya. Cada pilota voou em média mais de 800 missões. Das 80 componentes do regimento, 32 morreram em combate e 23 receberam o título de Heroínas da União Soviética.
A história do esquadrão foi contada no filme soviético “O Céu das Bruxas da Noite“, de 1981. Em 2001, uma coprodução entre a Rússia e o Reino Unido estava em planejamento, mas nenhum grande estúdio norte-americano ou europeu se interessou em produzir um longa metragem sobre as aviadoras soviéticas.