Paz e comida para todos
Miguel Gustavo de Paiva Torres
A Pax romana se fazia com as legiões de César e o massacre sistemático daqueles que resistiam à expansão imperialista de Roma.
A Pax americana adicionou aos arsenais nucleares de Washington a mentira e a desinformação, utilizadas antes dos bombardeios e massacres contra os que ousaram e ainda ousam se opor ao império norte-americano.
Essa Paz, que nunca existiu e dificilmente existirá, já rendeu vários prêmios Nobeis ao longo de décadas, inclusive o concedido por antecipação ao ex-presidente Barack Obama, líder que simplesmente continuou a ocupar e bombardear, na lógica do consenso bipartidário norte-americano, os inimigos da liberdade e da democracia ocidental.
Liberdade, democracia, paz, dia das mães, dia dos pais, felicidade, igualdade, são conceitos que se transformam, em passes de mágica da política, em votos e poder ou simplesmente força e poder.
Os diplomatas sempre negociaram a Paz. Até os nossos irmãos primatas tinham os seus negociadores em busca de paz e comida para todos.
Sempre foi assim. Por isso nada mais natural para um conselheiro de um reino sem armas sugerir o tema da Paz para obter protagonismo e influência entre reinos armados em guerra e, quem sabe, levar um Nobel para o arquivo pessoal ou para o arquivo do Reino.
A ideia é sedutora para o rei e gratificante para o conselheiro real que consegue o feito de restabelecer a paz para que todos voltem a ter comida na mesa, danças, bailes e abraços fraternais.
Entrou pela perna de um pinto e saiu pela perna de um pato e o senhor El Rey mandou contar outra mais: as palavras são mágicas e o discurso tem sim repercussão entre os que não ganham dinheiro e poder com armas e guerras; sofrem a miséria da destruição material, psicológica e moral, mas não se refletem no coração de ferro e aço do mundo real de ontem e de hoje.
O Rei, é verdade, foi seduzido pelas artimanhas diplomáticas do conselheiro, mas o Rei tem noção do que é real e do que é apenas fumaça. Mas diplomacia também se faz com confusão.
Confundir faz parte do jogo, assegurou o sábio assessor para assuntos internacionais.
Não custa nada propor paz, felicidade, harmonia e comida para todos, refletiu o Rei: “o importante é não entrar na guerra dos outros. Ficar em cima do muro, como todo político mineiro sabe fazer, desde tempos imemoriais”.
E mandou o mensageiro ir levar aos Senhores da Guerra, a sua própria proposta, em carne e osso, ouvir e ver com os olhos de quem sabe ouvir e ver.